Álbuns da minha vida: 1# Blood Sugar Sex Magik (Red Hot Chili Peppers)

Sempre fui uma pessoa feliz. Enfrentei problemas, é verdade, mas sempre busquei olhar para o lado bom da vida e curtir cada dia como se fosse o último da minha passagem pela terra. Mas aconteceu que, em certa época da minha adolescência, os sonhos e as ilusões estavam se tornando algo escasso. A época dourada da escola estava acabando, a vida profissional se iniciava e eu não tinha nenhuma certeza de que aquele era o caminho que eu gostaria de seguir (eu trabalhava na área de informática na época). Eu estava seriamente ameaçado de entrar em depressão e não conseguia encontrar motivação pra sair desta situação. Saia com os amigos, tentava me divertir, mas faltava algo. Gostava muito de ouvir músicas pop e até um pouco de rock nacional, mas aquilo não era o que eu realmente necessitava.

Então, numa certa tarde de sábado minha vida mudou. Não me lembro exatamente o programa da MTV, mas acho que era algum especial com o Raimundos onde o Rodolfo dizia que o clipe que marcou os anos 90 pra ele era “Give it Away”. Ao ouvir aquela música, que eu já conhecia, mas não tinha parado ainda para realmente apreciar, percebi o que faltava pra mim. A energia dela (e da banda) me contagiou. A partir de então, os Red Hot Chili Peppers fizeram parte das minhas manhãs alegres de sábado, quando eu acordava depois da balada da sexta e colocava o som no máximo enquanto tomava banho e me arrumava para o resto do dia. E entre todos os álbuns da banda californiana (a minha banda preferida), o Blood Sugar Sex Magik é o meu favorito.

Em 2002 tive o imenso prazer de ir ao show deles no Pacaembu, em São Paulo, e valeu cada minuto. E até hoje os Peppers estão presentes no meu dia-a-dia. Em minha festa de casamento, escolhi a nova e bela “Snow (Hey Oh)” para entrar na festa e “Scar Tissue” para tocar enquanto passava a tradicional apresentação de fotos desde a infância. Durante a festa, não poderiam faltar “Give it Away” e “Suck my Kiss”. E sempre que algum tipo de tristeza se abate em mim, basta colocar alguma música dos Peppers pra tocar que eu começo a me revigorar. Esta é a magia da música, este belo dom que ela tem de nos reanimar e estar presente em diversos momentos de nossas vidas.

Análise do álbum:

Tecnicamente, os Chili Peppers sempre foram absolutamente perfeitos. Flea é certamente um dos maiores baixistas que já existiram e John Frusciante, quando está inspirado, consegue realizar trabalhos fantásticos. Em “Blood Sugar Sex Magik” ele estava no auge da inspiração. Chad Smith tem uma batida seca que se encaixa perfeitamente com o som divertido da banda e Anthony Kieds tem uma energia incrível para conduzir o grupo, além de sua voz anasalada inconfundível.

Rick Rubin teve a felicidade de ter os quatro integrantes do grupo no melhor momento de suas carreiras (que até hoje é bem sucedida) e conseguiu produzir um álbum praticamente perfeito. É um dos raros exemplos de álbum que eu consigo escutar todas as faixas sem pular nenhuma música. Nota 10 (ou 5 estrelas obra-prima, pra ficar mais com a cara do Cinema & Debate ;)).

 

Análise das músicas (Para ouvir a música, basta clicar no nome):

1 – The power of equality: palavras rápidas e agressivas, batidas secas, o baixo galopando e a guitarra repetindo o riff, até chegar ao refrão, mais lento nas palavras e mais rápido no som. De cara percebe-se a energia do álbum. Uma das minhas favoritas.

2 – If you have to ask: o riff inicial da guitarra de Frusciante tem um ritmo contagiante. Quando a voz de Kieds entra, a música ganha ainda mais força e caminha parecida com um rap até o engraçado refrão. Tem ainda um belo solo de Frusciante que encerra perfeitamente a música.

3 – Breaking the girl: o embalo delicioso do inicio segue até o fim, acompanhado da voz firme de Kieds e dos back vocals no refrão. Destaque para o belo contraste provocado pela batida seca de Smith e para a bela quebra de ritmo provocada na parte instrumental da música.

4 – Funky monks: o delicioso riff inicial se repete durante toda a música, mudando apenas no refrão, mais lento e com back vocals. Um belo solo de guitarra preenche o meio da canção e o final instrumental é maravilhoso.

5 – Suck my Kiss: o riff poderoso que inicia a música é capaz de tirar qualquer um do chão e o maravilhoso refrão completa esta que é uma das melhores músicas do álbum, e conseqüentemente, dos Peppers.

6 – I could have lied: a balada perfeita para uma pausa no agitado álbum, tem uma bela letra e uma ótima interpretação de Kieds.

07 – Mellowship slinky In B major: mais uma demonstração da enorme capacidade instrumental da banda, fica ainda melhor quando Kieds começa a destilar sua voz anasalada. Próximo ao refrão, os back vocals dão um toque especial à música, que tem um balanço delicioso. A velocidade das palavras, marca da banda, aparece com força nesta música.

08 – The righteous and the wicked: aqui o ritmo é inverso, após um solo de Frusciante, Kieds entra com o vocal lento e ritmado até chegar ao refrão, um pouco mais rápido e forte, sempre com a guitarra ao fundo e a perfeita harmonia entre o baixo de Flea e a bateria de Smith. Aqui também temos um bom solo de guitarra.

09 – Give it away: a energia desta música é inacreditável e o refrão demonstra a qualidade de Kieds como vocalista. Flea voa no baixo com um riff maravilhoso. A melhor música da banda.

10 – Blood Sugar Sex Magik: a tradicional estrutura da música de rock aparece aqui, com inicio mais lento e baixo e refrão forte e alto. O tema preferido da banda é a inspiração da letra, o sexo.

11 – Under the bridge: A balada favorita de muitos que sequer curtem o som dos Peppers, reflete um momento sério da vida de Kieds, carrega no tom melódico e abusa da habilidade de John e Flea. Uma bela canção, com uma letra igualmente maravilhosa.

12 – Naked in the rain: agressiva desde o começo, tem um ritmo contagiante e um refrão que pega fácil. Chad Smith manda muito bem na bateria e Flea, mais uma vez, detona no baixo. O bom solo de Frusciante encerra a música.

13 – Apache rose peacock: “Oh good brother just when I tought that I had seen it all, my eyes popped out, my dick got hard and I dropped my jaw, I saw a bird walkin’ down the block, name Apache Rose Peacock, I could not speak I was in shock, I told my knees to please not knock”. Este trecho, absolutamente divertido e delicioso de cantar, é um exemplo da criatividade dos Peppers, que fica melhor ainda ouvindo a batida e o ritmo da música. Maravilhoso.

14 – The greeting song: outra que começa cheia de energia e segue neste ritmo até o final. Kieds manda bem novamente no vocal, e o galope de Flea no baixo é contagiante. Os deliciosos back vocals aparecem novamente antes do ótimo refrão.

15 – My lovely man: rápida no inicio, segue com o ritmo acelerado do trio guitarra, baixo e bateria até o refrão mais dançante, principalmente devido ao toque especial da guitarra de Frusciante, que também faz um empolgante solo no meio da música.

16 – Sir psycho sexy: retrato do tema preferido da banda, a música descreve em detalhes o comportamento de um viciado em sexo. O ritmo lento é muito bem balanceado com as batidas fortes de Smith e o baixo pesado de Flea.

17 – They’re Red Hot: extremamente rápida, remete aos tempos em que os Peppers faziam canções curtas e que exploravam ao máximo a habilidade de Kieds em pronunciar muitas palavras em um curto espaço de tempo. Diverte.

Como se não bastasse, os Peppers produziram ainda uma infinidade de músicas que eu adoro, antes e depois de Blood Sugar, mas este é com certeza o marco da carreira deles. E é também um marco em minha vida.

Um abraço.

 

Texto publicado em 22 de Novembro de 2009 por Roberto Siqueira

8 comentários sobre “Álbuns da minha vida: 1# Blood Sugar Sex Magik (Red Hot Chili Peppers)

  1. Aléxia Freitas 15 janeiro, 2014 / 3:49 pm

    Red Hot Chili Peppers sem dúvida é uma das melhores bandas que eu já vi, não falo isso por ser uma Pepper fanática, mas sim por ser visível o talento deles. s2

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    • Roberto Siqueira 19 janeiro, 2014 / 9:11 pm

      Concordo Aléxia.
      Obrigado pelo comentário e volte sempre.

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  2. Brasil Inteligente 23 novembro, 2009 / 12:43 pm

    Curti o post Beto…
    Adorto “Under the bridge” e aprendi a curtir um pouco do Red Hot com você… não é bem o estilo de música que me agrada, mas música é música e eu adoro toda essa magia que a música tem… Música é a trilha sonora da nossa vida… quem não aprecia uma boa música? Nunca ouvi alguém dizer que não gosta de ouvir música… nunca! é a arte mais adorada… você pode não gostar de ver filmes, de ler, de ver quadros e esculturas ou de dançar… Mas duvido que alguém não goste de curtir um som… sem dúvida, é a arte mais popular!

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    • Roberto Siqueira 23 novembro, 2009 / 10:30 pm

      Valeu Thi. Não sei se existe alguém que não goste de música, mas se existir, com certeza é alguém mais triste.
      Abraço.

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  3. Mandy Intelecto 23 novembro, 2009 / 8:21 am

    Muito legal o Post….
    Eu nem curto muito o Red Hot….
    Uma música ou outra apenas.

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    • Roberto Siqueira 23 novembro, 2009 / 10:30 pm

      Obrigado Amanda!

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