MEU NOME NÃO É JOHNNY (2008)

(Meu Nome não é Johnny)

 

Filmes Comentados #17

Dirigido por Mauro Lima.

Elenco: Selton Mello, Rafaela Mandelli, Eva Todor, André di Biasi, Ângelo Paes Leme, Orã Figueiredo, Hossen Minussi, Luís Miranda, Gillray Coutinho, Kiko Mascarenhas, Flávio Bauraqui, Aramis Trindade, Neco Vila Lobos, Charly Braun, Felipe Martins, Roney Villela, Wendell Bendelack, Cléo Pires, Júlia Lemmertz, Ivan de Almeida, Giulio Lopes, Flávio Pardal, Cássia Kiss e Rodrigo Amarante.

Roteiro: Mariza Leão e Mauro Lima, baseado em livro de Guilherme Fiúza.

Produção: Mariza Leão.

[Antes de qualquer coisa, gostaria de esclarecer que os filmes comentados não são críticas. Tratam-se apenas de impressões que tive sobre o filme, que divulgo por falta de tempo para escrever uma crítica completa e estruturada de todos os filmes que assisto. Gostaria de pedir que só leia estes comentários se já tiver assistido ao filme. Para fazer uma análise mais detalhada é necessário citar cenas importantes da trama].

– A história do playboy João Guilherme Estrella (Selton Mello), que se tornou o maior traficante do Rio de Janeiro sem jamais pisar numa favela, é contada neste longa irregular, que infelizmente não alcança um resultado satisfatório.

– Logo no início do filme, Johnny solta um morteiro na sala e o pai passa a mão na cabeça, demonstrando claramente como a educação é fundamental na formação do caráter do ser humano.

– Apesar de errar a mão no tom, a direção de Mauro Lima consegue alguns bons momentos, como o elegante movimento de câmera quando o pai de Johnny morre. Por outro lado, a briga na cadeia, além de pouco realista, é bastante confusa devido à câmera instável de Mauro Lima.

– O mundo do tráfico retratado no filme é pouco verossímil, com droga sendo vendida a luz do dia em uma peixaria (!), por exemplo. Além disso, é um mundo muito clean para o universo que retrata, revelando uma grave falha da direção de fotografia de Uli Burtin.

– Quando Johnny é preso, sua conversa com o advogado é muito curta e sem sentido, evidenciando falhas do roteiro de Mariza Leão e Mauro Lima, que jamais se define como comédia, drama, documentário ou policial, o que é lamentável. Não há problema em transitar entre os gêneros, desde seja feito com elegância e tenha coerência com a proposta do filme, o que não é o caso.

– Selton Mello inicia bem sua atuação no papel de João Guilherme, mas se perde e acaba tendo um resultado apenas mediano, o que é decepcionante para um ator de sua qualidade. Destaque negativo para a cena em que compra um apartamento, quando fala rapidamente com o vendedor e com sua namorada de uma forma nada elegante e até mesmo incompreensível.

– A acidentada montagem de Marcelo Moraes corta algumas cenas subitamente como, por exemplo, quando Johnny conta que o “Tainha” (Aramis Trindade) foi pescado. Pra piorar, a montagem estica demais o fraquíssimo terceiro ato, que destoa do ritmo forte do restante do filme. Muito menos interessante do que sua trajetória no tráfico – esta sim cheia de energia – a seqüência dentro da cadeia (e, principalmente, a seqüência dentro do hospício) poderia ser menor.

– No final, João vê tudo que perdeu no dia do Natal e reflete sobre a vida que teve até então. Esta seria a mensagem ideal para acabar o filme, mas infelizmente o otimismo exagerado do roteiro faz questão de reforçar que João Guilherme saiu da cadeia e se deu bem na vida. Apesar de ser uma história real, infelizmente este final deixa uma mensagem simplória demais sobre o mundo que retrata. Ou seja, você se mete no tráfico, ganha milhões, viaja o mundo, é preso, fica dois anos internado em um hospício por alegar insanidade mental e sai numa boa. A realidade é bem diferente para a maioria absoluta das pessoas que se arriscam neste mundo violento e, não raramente, sem volta.

Texto publicado em 17 de Fevereiro de 2010 por Roberto Siqueira

12 comentários sobre “MEU NOME NÃO É JOHNNY (2008)

  1. Cross98 26 fevereiro, 2012 / 5:25 pm

    Qual o seu filme nacional preferido? o meu é o Auto da Compadecida

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    • Roberto Siqueira 29 fevereiro, 2012 / 11:26 pm

      Olha Mateus, não sei te dizer.
      Gosto muito de Auto da Compadecida, mas também adoro Central do Brasil, Cidade de Deus, Tropa de Elite, Tropa de Elite 2, entre outros.
      Abraço.

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    • Cross98 1 março, 2012 / 10:29 am

      Tbm gosto do tropa de elite , mas só do 1 , não gostei muito do 2 não , o Central do Brasil ainda não vi , mas o meu favorito depois do Auto da Compadecida é concerteza Cidade de Deus , é muito legal ele

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    • Roberto Siqueira 1 março, 2012 / 8:48 pm

      Oi Mateus,
      Pra mim Tropa de Elite 2 é obra-prima. Se puder, assista Central do Brasil, vale a pena.
      Abraço.

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    • cross98 26 abril, 2012 / 8:20 pm

      Oi Roberto. Eu assisti Central do Brasil e gostei, mas não tem mesmo o toque de mestre de A Vida é Bela, mas é um bom filme.Estou pensando em comprar o Tropa de Elite 2.
      Abraço

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    • Roberto Siqueira 2 maio, 2012 / 10:23 pm

      Acho um filme excepcional, assim como A Vida é Bela.
      Abraço.

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    • cross98 24 maio, 2012 / 10:33 pm

      Eu ja acho uma comparação dificil e equilibrada, mas A Vida é Bela ganhou de melhor filme estrangeiro e por mim ganharia de melhor filme(que foi indicado tbm). Vc tem ele na sua videoteca, vou querer ler uma critica desse filme

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    • Roberto Siqueira 24 maio, 2012 / 11:22 pm

      Em breve.
      Abraço.

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    • cross98 25 maio, 2012 / 10:05 am

      vc acha que consegue chegar até 200 esse ano na videoteca?

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    • Roberto Siqueira 31 maio, 2012 / 12:17 am

      Iniciei o ano esperando um ótimo desempenho, mas os problemas me prejudicaram muito.
      Espero divulgar o máximo possível.
      Abraço.

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  2. Adauto 25 fevereiro, 2010 / 2:17 pm

    Opa….

    Olha eu de novo… caramba to comentando bastante hem!!! rsrsrs

    Mais um filme interessante de comentar Betinho, e mais uma vez tirando a parte técnica… esse filme me chamou atenção, em especial pelo assunto.

    Como um grande apreciador de filmes do gênero, comparando com CDD, Bus 174, Salve Geral..etc.. esse filme mostra o outro lado da sociedade, demonstrando que não é só na Favela que existe problemas sociais, drogas, violência etc…

    Um Playboy também podem ter o mesmo papel de um traficante de uma favela qualquer, a única diferença é que se ele for preso, provavelmente terá alguém para tira-lo da cadeia e ele terá a segunda chance na vida, coisa que não acontece com um menino pobre sem a minima estrutura familiar.

    Abraçooooooooooooo!

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    • Roberto Siqueira 26 fevereiro, 2010 / 9:32 pm

      Gostei do seu ponto de vista Adauto. Mas acho que “Meu nome não é Johnny” é muito inferior como filme aos outros citados. Em todo caso, é sempre bom ver obras sobre este aspecto tão complicado de nossa sociedade.
      Valeu irmãozinho!

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