CORAÇÃO VALENTE (1995)

(Braveheart)

 

Videoteca do Beto #125

Vencedores do Oscar #1995

Dirigido por Mel Gibson.

Elenco: Mel Gibson, Patrick McGoohan, Sophie Marceau, Catherine McCormack, Brian Cox, Angus MacFadyen, Brendan Gleeson, James Robinson e David O’Hara.

Roteiro: Randall Wallace.

Produção: Bruce Dave, Mel Gibson e Alan Ladd Jr.

[Antes de qualquer coisa, gostaria de pedir que só leia esta crítica se já tiver assistido ao filme. Para fazer uma análise mais detalhada é necessário citar cenas importantes da trama].

Grandioso e intenso, “Coração Valente” apresentou ao mundo muitas das características marcantes do controverso cinema de Mel Gibson, algo que não aconteceu em sua estréia atrás das câmeras, no singelo e tocante “O homem sem face”. Desta vez, o diretor empregou toda sua energia, nos trazendo uma história apaixonante e entregando um longa de forte impacto visual e emocional. Goste ou não do que se vê na tela, uma coisa é certa: o segundo filme dirigido pelo então astro de Hollywood deixou claro que a indiferença é um sentimento que você jamais sentirá num filme dele.

Escrito por Randall Wallace a partir de uma pesquisa em busca de seus ancestrais escoceses, “Coração Valente” narra a história de William Wallace (Mel Gibson), um escocês que tem a noiva assassinada (Catherine McCormack, belíssima como Murron) por ingleses no século XIII e parte para uma vingança pessoal que inflama seus compatriotas e resulta na luta pela liberdade de seu povo.

Olhando superficialmente, o roteiro de “Coração Valente” pode soar maniqueísta por tratar a maioria dos ingleses como cruéis vilões e os escoceses como sofridos heróis. Entretanto, esta visão unidimensional e até mesmo romantizada tem uma justificativa plausível, fugindo do maniqueísmo ao narrar os fatos sob o ponto de vista de Robert the Bruce (Angus MacFadyen), um personagem claramente seduzido pela força do protagonista. E apesar de alguns pequenos erros históricos, o roteiro de Randall apresenta, além de uma estrutura narrativa envolvente, um protagonista realmente cativante, algo que, associado ao carisma de Mel Gibson, faz com que a platéia acredite em suas motivações e “lute” junto com ele. Além disso, o roteiro utiliza com elegância algumas rimas narrativas, seja através das palavras (“Isto é algo que teremos que remediar”) ou de simbolismos, como a flor que conquista Murron (e o coração das mulheres na platéia), abordando ainda de maneira interessante os bastidores das batalhas, através das estratégias de guerra utilizadas por William e pelo rei Eduardo I, o “Longshanks” (Patrick McGoohan), pecando apenas no desnecessário romance entre a princesa Isabelle (Sophie Marceau) e William, que existe apenas para justificar a gravidez dela e amenizar um pouco o sufocante final.

Conseguindo sucesso na difícil tarefa de condensar toda esta história épica sem torná-la cansativa, o montador Steven Rosenblum acerta, por exemplo, ao acelerar o relacionamento entre William e Murron (namoro e casamento acontecem rapidamente), abrindo mais espaço para as seqüências de batalha, que são a alma de “Coração Valente” – e onde, vale ressaltar, o trabalho do montador mais se destaca -, além de intercalar com fluência entre a trama na realeza inglesa, as decisões políticas dos nobres escoceses e a rebelião comandada por William. Já a trilha sonora de James Horner é um capitulo a parte. Misturando elementos tradicionais da música escocesa como a gaita de fole com uma abordagem solene típica dos grandes épicos, Horner cria diversas melodias magníficas, como o lindo tema da relação entre William e Murron “For the Love of a princess”, e colabora muito para a atmosfera lendária do longa.

Essenciais num filme de época, os figurinos de Charles Knode também se destacam, caprichando na recriação dos uniformes do exército inglês, do próprio Longshanks e da princesa Isabelle, que com sua elegância criam um forte contraste com as roupas feitas de trapos e os kilts dos escoceses. Por sua vez, a direção de arte de Ken Court, Nathan Crowley, John Lucas e Ned McLoughlin acerta na escolha de imponentes castelos, na decoração interna destes ambientes e na variedade de armas e acessórios utilizados nas guerras, como os escudos e capacetes. Quem também merece destaque especial é a excelente maquiagem, que torna os ferimentos nas batalhas bastante realistas, assim como o ótimo design de som, que nos permite escutar cada arma sendo movimentada, a respiração dos personagens, o som da chuva e os cavalos cavalgando com incrível clareza.

Explorando a beleza da região e captando com destreza a essência das batalhas, o diretor de fotografia John Toll colabora sensivelmente para o sucesso da direção de Mel Gibson. São inúmeras as seqüências de grande beleza plástica, como o ritual com as gaitas de fole no túmulo do pai de William ou o encontro entre os jovens William e Murron em que a menina o consola com uma flor, além de toda a seqüência do namoro deles, que faz com que a platéia crie empatia pelo casal. Aliás, a chuva que marca o início do romance indica o futuro trágico daquela relação.

Com um sotaque britânico apenas razoável, o competente e carismático Mel Gibson demonstra bem a transformação de William, inicialmente um homem preocupado somente em constituir sua família, mas que vai até as últimas conseqüências dos conflitos após ver sua noiva ser friamente executada. Encarnando o líder escocês com alma e paixão, ele oferece um desempenho acima da média, envolvendo o espectador na luta do personagem (nós acreditamos nele) e convencendo no papel de grande líder até o último instante. Na pele de seu antagonista, Patrick McGoohan entrega uma atuação marcante e faz de seu rei Eduardo I, o “Longshanks”, um vilão respeitável, demonstrando a autoridade esperada de alguém em sua posição e mostrando cuidado com pequenos detalhes de sua composição, por exemplo, ao começar a tossir levemente quando retorna da França e encontra a cabeça do sobrinho numa cesta, indicando o início da doença que o levaria à morte. E mesmo que o roteiro demonize seu personagem, McGoohan consegue demonstrar algumas das características marcantes do verdadeiro Eduardo I, como a inteligência e a liderança.

Dona de um rosto angelical e grande carisma, Sophie Marceau vive a princesa Isabelle e se torna o porto seguro do espectador sempre que a narrativa salta para a Inglaterra, enquanto o Hamish de Brendan Gleeson é o responsável pelos momentos de alivio cômico da narrativa – como no reencontro com William ainda no primeiro ato -, assim como Stephen, o irlandês maluco vivido por David O’Hara. E finalmente, o angustiado Robert the Bruce de Angus MacFadyen é um personagem complexo, dividido entre manter as posses da família e o respeito dos nobres e jogar tudo pro alto para lutar com a paixão de William contra os ingleses.

Todo este apuro técnico e bom nível das atuações de “Coração Valente” contam, obviamente, com o olhar atento do diretor Mel Gibson, que demonstra ainda enorme talento para a composição visual e energia para conduzir à narrativa. Gibson inicia seu épico mostrando uma série de paisagens deslumbrantes no acidentado terreno das Highlands, numa metáfora sutil para a própria vida de William, um personagem belíssimo, mas com uma trajetória repleta de altos e baixos. Retratando a vida do herói escocês desde sua infância, onde presenciamos dois traumas marcantes (a descoberta dos escoceses enforcados e a morte de seu pai, numa cena em que a reação do garoto ao perceber que o pai não voltou vivo nos parte o coração), o diretor conduz a narrativa com paciência, nos familiarizando com os personagens e, principalmente, criando empatia entre William e a platéia. Além disso, ele também utiliza com destreza a câmera lenta em momentos de forte impacto, como quando uma noiva plebéia acalma os soldados ingleses e se entrega ao lorde local para a primae noctis ou no ataque da cavalaria inglesa em Stirling, criando também planos inteligentes, como aquele que mostra muitos ingleses cercando um pequeno grupo de escoceses, que serviam de isca para o ataque dos outros que surgem no alto do monte. Existe ainda um pequeno momento que confirma o talento de Gibson atrás das câmeras, quando Stephen salva William na floresta, numa cena em que a câmera fala mais que qualquer palavra.

Ponto de virada na narrativa, a morte de Murron serve também para inserir pela primeira vez o tipo de violência gráfica que permeia “Coração Valente”, preparando o espectador para o que virá pela frente. O choque com a morte dela nos faz esperar pela reação de William e o diretor, ciente disto, brinca com nossa expectativa, esticando ao máximo o momento que precede seu ataque através da câmera lenta. Ele sabe que o agora revoltado espectador espera que William se vingue e quando isto acontece, a direção visceral e a montagem cheia de energia criam uma seqüência de forte impacto. Mas Gibson sabe que este momento significa muito mais do que uma simples vingança pessoal, marcando o nascimento da lenda e o estopim para a luta pela independência escocesa, e encerra a cena com um marcante silêncio que precede os gritos de “Wallace”, enquanto William é filmado por baixo para engrandecê-lo na tela.

Mas apesar desta grande cena, sua competência na direção se confirma mesmo na sensacional batalha de Stirling, um espetáculo cinematográfico de primeira grandeza, que não deve em nada às grandes cenas da história dos épicos. Temos certeza de estar acompanhando um momento marcante desde o inicio, com a triunfal chegada do exército inglês, capaz de fazer o chão tremer (novamente, ponto para o design de som), passando pelos efeitos digitais que multiplicam os figurantes e nos apresentam numerosos exércitos e pelo emocionante discurso de William antes do inicio da batalha – neste discurso, aliás, nasce à imagem icônica do personagem com a cara pintada de azul, num erro histórico de menor importância que é um ótimo exemplo de licença criativa que agrega à narrativa. O show do diretor continua durante o confronto, imprimindo uma energia incrível em toda seqüência, com sua câmera inquieta e cortes rápidos que jamais soam confusos e nos jogam pra dentro do campo de batalha de maneira brutal, nos fazendo praticamente sentir o calor do combate e o sangue que é derramado. Obviamente, este realismo extremo torna a batalha muito mais convincente. Além disto, temos o genial momento em que os escoceses param pela primeira vez na história a cavalaria inglesa, num fato real que fica ainda mais empolgante na câmera de Gibson.

Entretanto, a adrenalina contagiante das batalhas de “Coração Valente” termina em Falkirk, com a traição de Robert the Bruce (indicada numa conversa prévia com seu pai) provocando outro choque na platéia, que se sente tão desnorteada quanto o próprio William, que apesar disto consegue escapar. Mas o arrependimento não tarda e Bruce cai de joelhos em meio aos mortos da batalha, numa cena triste, ressaltada pela névoa e pelo plano que o diminui na tela. Só que em outra emboscada, desta vez sem a participação dele, Wallace finalmente é capturado pelos ingleses. Julgado e condenado, ele caminha para a morte e o longa para o seu trágico desfecho. Mantendo o realismo habitual, a triste execução nos sufoca e nos faz clamar pelo grito de piedade de William – praticamente podemos sentir sua dor, graças ao ótimo desempenho de Gibson. Quando ele finalmente se esforça para falar, ouvimos a única palavra que poderíamos esperar dele. E o grito de “liberdade” de William Wallace certamente está entre os grandes momentos do cinema nos anos 90, sendo capaz de levar muitos espectadores às lagrimas. O final poético, com sua espada fincada no campo de batalha e as palavras que anunciam a conquista da liberdade escocesa, encerra este filme triste, é verdade, mas que carrega em cada fotograma a grandiosidade dos melhores épicos.

Se “todo homem morre, mas nem todo homem realmente vive”, William Wallace pode se orgulhar, pois sua incrível jornada sobreviveu ao tempo e se eternizou neste belo e poético “Coração Valente”, um filme com sentimento, apaixonante e que se eterniza na memória dos amantes da sétima arte.

PS: Como afirmei na crítica de “Um Sonho de Liberdade”, “Coração Valente” é responsável direto por minha paixão pela sétima arte, além de ser – como vocês saberão em detalhes no próximo post – o filme mais importante da minha vida.

Texto publicado em 29 de Janeiro de 2012 por Roberto Siqueira

25 comentários sobre “CORAÇÃO VALENTE (1995)

  1. Carlos 4 setembro, 2017 / 4:50 am

    Filme fantástico.. ótima crítica Roberto. …todas as cenas são fantásticas e marcantes, ..o calvário dele no filme, pra mim remete e traduz muito o calvário de Cristo, na cruz, desde todos os elementos de tortura, até o grito de “liberdade!”, liberdade a qual foi proclamada(gritada) pelo sacrifício na cruz.. E antes de morrer, William passa a ver a esposa no meio da plateia, e então sorri em meio a decapitação, largando enfim (em paz), o lenço o qual marca sua união com a esposa,.. e então fim ..bom demais, ..Mel Gibson mediante o personagem de william wallace, nos ensina os valores fortes e honestos de ser “Homem” no decorrer dessa trama.. fantástico. “Every man dies, but not every man really lives..”

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  2. ANDRÉ LUIS 18 junho, 2017 / 2:32 am

    melhor filme que assisti ate hj!!!
    Todos os comentários feitos são pouco para expressar tamanho capricho dos cinema. Mas algo que mais me marcou foi o caráter de Wallace, pois apesar de ser inteligente e habilidoso com espada, preferiu viver pacificamente com sua amada e só utilizou de seus dons de guerra após perde-la injustamente.

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  3. alemdatorre 30 outubro, 2015 / 12:10 pm

    É um dos meus filmes preferidos, pois a trama é fantástica, a trilha sonora é ótima e os cenários estão belíssimos. Isso sem falar da atuação de Mel Gibson, uma das melhores e mais emocionantes de todos os seus filmes.

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    • Roberto Siqueira 2 novembro, 2015 / 4:53 pm

      Que bom que gostou.

      Obrigado pelo comentário e um grande abraço.

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  4. Freddie 31 julho, 2014 / 5:53 pm

    Eu adorei o filme. Realmente foi importante para mim. As minhas cenas preferidas da pior pra menor
    1. aquela hora que aquele cara faz aquilo com os outros caras
    2. aquela parte que o cara fala daquele assunto com aquele outro cara
    3. aquela hora que ele derruba o cara daquele lugar
    4. Aquela parte em que aquele cara faz aquilo e o outro cara quase faz aquilo com ele
    5. Aquela parte que o cara faz aquilo com aquele cara e depois aquilo com os outros caras logo depois

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    • Freddie 31 julho, 2014 / 5:55 pm

      desculpa. é da pior pra MELHOR

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    • Anônimo 19 fevereiro, 2015 / 3:38 pm

      Cara, vc é um mestre! Que reflexão profunda!

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  5. ederson 5 janeiro, 2013 / 6:38 pm

    desculpe o atraso, do comentario seu, fabuloso, mas esse filme sem duvida um dos melhores que ja assisti, embora ja ssisti mais de 50 vezes, muito bom

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    • Roberto Siqueira 5 janeiro, 2013 / 8:03 pm

      Obrigado pelo elogio e pelo comentário Ederson.
      Abraço.

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  6. Thiago Barrionuevo 19 março, 2012 / 1:35 pm

    Conseguiu separar bem sua paixão pelo filme da parte técnica, né?

    O filme é espetacular… não sei como você não colocou o selo de Obra Prima… Já tinha assistido, mas não lembrava de metade dos acontecimentos. O roteiro é muito bom, a direção é notável neste caso e as cenas de guerra são sensacionais. Me fizeram lembrar dos livros de Bernard Cornwell (O Arqueiro, O Andarilho e O Herege), uma trilogia que você devia ler….

    Ótima crítica!

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    • Roberto Siqueira 23 março, 2012 / 10:54 pm

      Valeu pelo elogio Thi. Filmasso, com certeza!
      Tentei evitar misturar demais a razão e a emoção. Mas cheguei a pensar várias vezes em dar a nota máxima para o filme.
      Um abraço.

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    • Roberto Siqueira 23 fevereiro, 2012 / 8:29 pm

      Lindo mesmo.
      Abraço Mateus.

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    • cross98 5 março, 2012 / 9:55 pm

      nao sei como vc nao colocou selo de obra prima nele , pois é o mais importante filme pra vc . abraço

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    • Roberto Siqueira 23 março, 2012 / 10:37 pm

      Tentei não misturar demais o aspecto emocional com o racional.
      Mas cheguei mesmo a pensar a respeito da nota por diversas vezes.
      Abraço.

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  7. francisco 10 fevereiro, 2012 / 11:24 am

    Parabéns Roberto, pela análise (mais uma vez inteligente, clara e coesa), sobre um grande filme que eu, particularmente incluo entre os 10 melhores épicos do cinema, ao lado de ícones como Ben-Hur, Spartacus e El Cid, etc. Mas na sua resenha o que mais me chamou a atenção foi o prólogo na outra página a respeito da importancia de Coração Valente em sua vida pessoal e de como ele mudou seus conceitos sobre a existencia humana e os anseios de ‘liberdade’ , me fêz lembrar que algo parecido ocorreu comigo quando eu tinha 19 anos e levava uma vida fútil até ouvir pela primeira vez uma música do Raul Seixas chamada “Ouro de Tolo” que me levou enxergar um pouco melhor este nosso universo e passar a cultivar valores além da simples diversão e no momento certo. Isso faz refletir até que ponto a arte pode ser importante ‘positivamente’ na vida de um adolescente, no sentido cultural e principalmente no existencial como foram os nossos casos. Obrigado e grande abraço

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    • Roberto Siqueira 11 fevereiro, 2012 / 11:07 am

      Olá Francisco,
      Muito obrigado pelo elogio e pelo comentário engrandecedor. Realmente é fascinante este poder que a arte tem de mudar nossas vidas.
      Muito interessante sua história. A propósito, sou fã de Raul e adoro “Ouro de Tolos”.
      Um grande abraço!

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    • francisco 22 fevereiro, 2012 / 11:03 am

      Eu tb sempre fui um dos maiores fãs de Raul e principalmete da canção citada que considero a mais emblemática do maluco beleza…um grande abraço roberto, obrigado!

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    • Roberto Siqueira 22 fevereiro, 2012 / 9:05 pm

      Que legal Francisco.
      Abraço.

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  8. Augusto 30 janeiro, 2012 / 7:00 pm

    Belo texto, Beto, mostra o quanto o filme é importante não só para você mas para o cinema. Abraços.

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    • Roberto Siqueira 11 fevereiro, 2012 / 10:40 am

      Obrigado Augusto.
      Abraço.

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