Os gibis da Turma da Mônica marcaram minha infância, assim como da grande maioria dos brasileiros. É difícil alguém, mesmo que nunca tenha lido, não conhecer o quarteto e suas características.
Eu não li a graphic novel em que o filme se baseia, mas só vi coisas boas a respeito. Então assisti ao filme as cegas. E me surpreendi positivamente. É um filme leve, divertido, colorido, que respeita seu público (tanto as crianças quanto os adultos nostálgicos) e os gibis. Um belo exemplo de “feel good movie”.
Daniel Rezende mais uma vez se mostra um diretor competente. Já tinha feito um trabalho fenomenal e corajoso em Bingo e repete a dose aqui. Tem que ser muito corajoso para adaptar essas histórias. Destaque para a montagem e a fotografia belíssima do filme, que colore o bairro do Limoeiro.
Eu tinha medo de o filme ser caricato, mas passa longe disso. Lógico, todas as características marcantes dos personagens estão lá. Mas é tudo tão natural e orgânico. E o filme brinca com isso, desde o armário da Mônica só com vestidos vermelhos ou o fato de só o Cebolinha usar calçado.
E grande parte do sucesso do filme em conseguir essa naturalidade se deve ao elenco infantil. Giulia Benite (Mônica), Kevin Vechiatto (Cebolinha), Laura Rauseo (Magali) e Gabriel Moreira (Cascão) conseguiram incorporar os personagens, com respeito às características de cada um. É possível sentir uma sinergia entre a turma, uma amizade sincera. Acho que o fato de eu já conhecer bem os gibis ajuda nesse sentido, mas mesmo se não conhecesse, isso não afetaria a experiência.
Gosto da participação do Rodrigo Santoro, no papel do Louco. Outro que consegue não ser caricato, apesar da loucura (ba dum tss!!) do personagem. Ressalto o sucesso da montagem do filme nesse momento, que apesar dos vários cortes e do movimento da câmera, não deixa a cena ser confusa.
Os Laços que dão nome ao filme, apesar de retratados como as marcações para o caminho de volta, na realidade reflete a união dos personagens. Para superar os obstáculos colocados no caminho, a ignorância e o individualismo não são a solução. Os personagens descobrem que ao se unirem, cada um com o seu melhor, fica mais fácil alcançar o objetivo.
Talvez esse seja o filme que o Brasil precisa para esse momento. Nesses tempos de cada um por si, de mídias sociais que mais afastam do que agrupam, brigas por opiniões divergentes, é bom ver um filme onde as pessoas engolem seu orgulho e se unem em prol de algo maior.