Mini férias

Queridos leitores,

Estive ausente nas últimas semanas, eu sei, mas foi por um motivo muito especial. Recebemos a visita da minha irmã e do meu cunhado aqui em Lisboa e aproveitamos as férias escolares de Abril (sim, temos muitas férias na Europa) para curtir com eles e passear pela região.

Guiados pela Dri numa Trafic gigante (que não era o carro que reservamos, mas vocês sabem como funcionam as empresas de aluguel de carros), passeamos pelo Porto e pelas lindas e imponentes capitais da Espanha e de Portugal.

Estive recentemente no Porto, o que facilitou o papel de guia-los pelas charmosas ruelas, cruzando a ponte Luís I até o Mosteiro da Serra do Pilar, já em Vila Nova de Gaia, de onde temos um visual belíssimo da cidade, para depois conhecer as caves Sandeman e terminar no delicioso cais da Ribeira, onde apresentei o pastel de bacalhau que mais gosto e que é tão bom que o restaurante Casa Deolinda garante devolver seu dinheiro caso não aprove. Na ida para Madrid, aproveitamos para passar pela região do rio Douro, parando para almoçar em Pinhão no excelente restaurante Writer’s Place, que recomendo muito. O coelho ao molho de vinho do Porto é divino.

Madrid era a única cidade da minha lua de mel que eu não tinha visitado novamente. Desde 2007, portanto, não pisávamos na capital espanhola, mas eu ainda guardava na memória sua imponência, a limpeza impressionante de suas ruas e a beleza de lugares como o extremamente bem cuidado Parque del Retiro. Fizemos deliciosas caminhadas por locais distintos como os Jardins de Sabatini (bem próximo do nosso Airbnb), a Gran Vía e a Calle del Espíritu Santo, regadas a bons vinhos, cervejas e muitas tapas. Visitamos também o estádio Santiago Bernabeu, para a alegria dos meus filhos e da minha irmã, que tornou-se torcedora do Real quando em 2000 eu pedi para ela gravar a final da Champions League pra mim, que trabalhava na hora do jogo. O passeio incluiu ainda a volta a linda Catedral de Almudena, paixão da Dri em nossa lua de mel, e terminou com o visual belíssimo do Templo de Debod enquanto o sol se preparava para desaparecer no horizonte. No dia seguinte, a volta para Portugal previa uma parada em Toledo, a bela cidade medieval próxima a Madrid.

De volta ao nosso novo lar, pudemos desfrutar da aconchegante Lisboa e eu aproveitei para turistar um pouco também, já que desde nossa mudança pouco tempo tivemos para visitar lugares como o Castelo de São Jorge ou os deliciosos bairros Alfama, Chiado e Bairro Alto. Passeamos também por Belém, Príncipe Real, apreciamos o visual dos diversos miradouros espalhados pela cidade e, claro, curtimos nosso bairro, o belo Parque das Nações, caminhando pelo parque do Tejo, andando na Telecabine (o teleférico daqui), visitando o Oceanário e curtindo os dias de sol a bordo dos trotinetes espalhados pela cidade. Ainda deu tempo de dar um pulo em Cascais no sábado para jogar futebol e curtir uma praia como nossos amigos que também residem aqui.

Foram dias maravilhosos, de risadas e lágrimas, que nos aproximaram um pouco mais do Brasil e da família. Agora fica a saudade e a certeza de que eles voltaram ao Brasil mordidos pelo bichinho da Europa, enquanto nós ficamos aqui, aguardando ansiosamente as visitas futuras.

A partir de hoje o blog volta a vida normal e, se tudo correr bem, quero voltar a ter o ritmo dos melhores anos do C&D, com posts frequentes e temas interessantes para debater.

Espero que gostem.

Um grande abraço a todos.

Texto publicado em 26 de Abril de 2019 por Roberto Siqueira

Toronto

Toronto 003 02.08.2015O dia amanheceu chuvoso como não acontecera até então. Após 3 semanas de calor e sol, com raros momentos de chuva rápida, o sol escondeu-se e o visual melancólico parecia refletir a sensação de tristeza. A cidade chorava nossa eminente partida ou nós que a víamos assim com o filtro do olhar já repleto de saudade daquilo que ainda não havia ficado para trás?

O visual esplêndido do Harbourfront à direita com o lago Ontario alcançando a ilha e a selva de pedra que se ergue à esquerda que se torna ainda mais impressionante com as luzes que brilham madrugada adentro. Selva de pedras. Como eu, um eterno insatisfeito com a nossa selva de pedras, poderia gostar tanto dela? Pois Toronto foi, dia após dia, uma quebra de preconceitos. Uma cidade cosmopolita, mas cosmopolita de verdade e não apenas nas etnias. Pessoas convivendo em harmonia, independente de nacionalidade, raça ou credo. Ciclistas convivendo em harmonia com motoristas, o Street Car e pedestres. Pessoas curtindo seus patins e skates enquanto transitam naquele caos organizado e respeitoso. Homens, mulheres, negros, brancos, heterossexuais e homossexuais. Todos dividindo o mesmo espaço, com os mesmos direitos e os mesmos deveres.

Toronto 03.08.2015 075O clima foi outro paradigma gostoso de quebrar. “Toronto nunca faz calor”, diziam os especialistas que nunca tinham pisado ali. Mas fez calor. Fez muito calor. A brisa que vem do lago amenizava de maneira muito agradável os dias que passavam dos 30 graus logo pela manhã, tornando o caminho entre o apartamento alugado e a escola de inglês da Dri ainda mais interessante. E como foi ótimo parar nos cafés para curtir nossos momentos, como foi bom ver as crianças se divertindo nos parques e na prainha artificial criada a beira do lago, tentando se comunicar como podiam (o Arthur sabe algumas palavras em inglês e não hesitava em me perguntar como falar cada frase que precisava para fazer contato). Como foi bom viver a cidade como um morador local, fazer compras nos mercados, caminhar pelo Harbourfront no fim de tarde e curtir o pôr do sol do alto do prédio, vislumbrando a CN Tower do alto de sua imponência ou curtindo o Roger Centre, onde pela primeira vez curtimos um jogo de beisebol e, acredite, gostamos. A região da Queens Quay West não sumirá de nossas memórias tão cedo, assim como as comidas de rua, a educação das pessoas e, principalmente, os momentos em família que vivenciamos ali.

Toronto 17.08.2015 004Toronto 16.08.2015 243Toronto 12.08.2015 038

Toronto não foi uma surpresa, pois era quase uma certeza. Após ouvir tantos amigos elogiarem a cidade canadense, decidimos há muito tempo atrás que ela seria o local ideal para o intercâmbio da Dri. A escolha não poderia ser mais feliz.

Ainda que certos detalhes da cultura local me incomodem, como a proibição de tomar cerveja nas ruas, o fato é que a cidade canadense nos conquistou. Com seu ar cosmopolita e seus prédios modernos misturados a natureza tão bem representada pelo lago e pelas belas ilhas do arquipélago Toronto Islands, não chega a ter o charme das nossas cidades favoritas no velho continente, ainda nosso local favorito, mas não é hora de fazer comparações. Do seu jeito, Toronto entrou para a lista de cidades especiais em nossas vidas.

Olhando novamente para o lago da janela do prédio alugado eu me despeço, mas não com um adeus.

Pois você Toronto entrou pra lista das cidades em que no máximo conseguimos dizer um até breve.

Toronto 03.08.2015 077Texto publicado em 21 de Agosto de 2015 por Roberto Siqueira

Roma

RomaEu já tinha conhecido alguns dos principais cartões postais italianos quando finalmente cheguei a Roma. Não que eu não tenha boca, mas o fato é que eu e a Dri decidimos começar nosso tour pela linda Itália lá do norte, passando por Milão, Veneza, Florença e toda sua bela região até finalmente chegar à – desculpe o velho clichê – “Cidade Eterna”.

Velho, aliás, é algo bastante relativo num lugar onde podemos almoçar num restaurante moderno e, alguns metros depois, dar de cara com um monumento com mais de dois mil anos de história. Esta é a beleza de Roma, esta é a magia de uma cidade que encanta pela mistura entre o novo e o antigo, o futuro e o passado, a modernidade e a história. Caminhar pelas ruas de Roma é fazer uma constante viagem pelo tempo, numa velocidade que deixaria qualquer Deloren babando de inveja.

Depois de deixar nossa bagagem no estilizado e moderníssimo hotel “Venetia Palace”, localizado a alguns metros da impressionante estação central Termini, começamos nossa viagem pelo maior cartão postal da Itália (e quem sabe, um dos mais famosos do mundo): o Coliseu. No caminho, um casal de brasileiros que já tinha nos ajudado em Florença surgiu novamente e, desta enorme coincidência, nasceu uma duradoura amizade com nossos queridos Marcel e Yara. Juntos, nós quatro nos divertimos muito naqueles dias inesquecíveis na capital italiana.

Venetia Palace HotelRoma TerminiMaior cartão postal da ItáliaEu tinha um pé atrás com o Coliseu, talvez pela lembrança da primeira vez que vi o estádio do Morumbi, tão imponente na televisão que fez seu tamanho real parecer pequeno para uma criança de 11 anos de idade. Assim, quando pensava no Coliseu, eu até esperava uma construção respeitável, mas não tanto. Por isso, quando avistamos aquele verdadeiro gigante, mal pude acreditar no que meus olhos viam. Certamente, é um dos lugares que mais me impressionaram até hoje tamanha a sua imponência física. Passear pelo Coliseu traz um misto de admiração e angústia ao pensar nas barbaridades que eram cometidas ali, mas vale cada minuto.

Verdadeiro giganteImponência físicaMisto de admiração e angústiaSaindo do Coliseu, nos dirigimos à Piazza di Spagna, com suas fontes deliciosas aos pés da florida escadaria que está sempre lotada de turistas. Pertinho dali, o tradicional Caffè Greco, que na época cobrava 1,30 euros para tomar um café no balcão e (pasmem!) 7,00 euros para tomar sentado nas mesinhas. Caminhamos mais um pouco até chegarmos ao lugar mais encantador da cidade. Com suas águas barulhentas, as centenas de turistas que se aglomeram em volta dela para jogar moedinhas e a iluminação belíssima que surge ao cair da noite, a Fontana di Trevi é um marco em qualquer viagem para a Itália. Mais alguns metros pelas ruas apertadas e charmosas de Roma e nos deparamos com o Pantheon, outra construção maravilhosa que nos faz imaginar como os romanos eram capazes de construir algo tão imponente numa época em que as máquinas sequer existiam.

Piazza di SpagnaTradicional Caffè GrecoFontana di Trevi

A arquitetura de Roma, aliás, é algo fascinante, com suas construções grandiosas se destacando em meio às ruas agitadas e coloridas. Logo na chegada a cidade, é possível admirar o que sobrou dos aquedutos que levavam água para toda a região. Ao lado do Coliseu, o Foro Romano é outro exemplo do quanto Roma pode nos transportar para o passado, com as ruínas da antiga cidade revelando toda a genialidade daquele povo que dominou o velho continente há séculos atrás.

PantheonForo RomanoRuínas da antiga cidadeNo Vaticano, a Basílica de São Pedro impressiona desde a nossa chegada, tornando-se ainda mais marcante conforme caminhamos por ela – e evocando sentimentos mistos diante de tamanha beleza e ostentação. Logo de cara, a incrível escultura “La Pietà”, do mestre Michelangelo, repleta de detalhes impressionantes e de grande simbolismo para os religiosos. Além dela, vale visitar também o túmulo de São Pedro, a famosa Capela Sistina (que não pode ser fotografada nem filmada) e, ainda que exija grande esforço do visitante com suas centenas de degraus, o alto da Basílica tem uma vista que vale a caminhada. De quebra, na saída ainda temos o Castelo de Sant’Angelo, que, entre tantas coisas, servia para abrigar os papas em tempos de guerra.

Basílica de São PedroLa PietàCastelo de Sant'AngeloCaminhar a noite era ainda mais delicioso por causa da companhia que tínhamos. Com suas piadas engraçadíssimas, o Marcel tornava o passeio ainda mais memorável enquanto delirava sobre os Etruscos e a importância da Caterpillar naquela época (uma brincadeira que até hoje nos diverte quando assistimos aos vídeos da viagem). A bella notte italiana se torna ainda mais memorável em lugares especiais como a encantadora Via Veneto e o delicioso bairro Trastevere, repleto de bares e restaurantes aconchegantes para passar o resto da noite.

Encantadora Via VenetoTrastevereBella notte italianaComer em Roma é algo sempre prazeroso e que normalmente não custa muito caro. Não era de se esperar outra coisa do país famoso pela pasta, mas o capricho da cozinha romana é especial, competindo lado a lado com os excelentes restaurantes da Toscana. Não consigo me esquecer do sabor dos mais diversos molhos que acompanhavam espaguetes, nhoques e tantas outras massas deliciosas. Até mesmo a pizza, ainda que não seja tão recheada como a nossa pizza paulistana, conseguiu me agradar.

Além do sabor único, o charme está também no ambiente, com toda aquela atmosfera italiana que não conseguimos captar em nenhum outro lugar do planeta. Por tudo isso, nós até relevamos certos detalhes, como as ruas claramente menos cuidadas que em outras cidades europeias, a movimentação caótica de pessoas pelas ruas, os gestos e gritos efusivos dos italianos e até mesmo a grosseria de alguns deles. Com exceção dos portugueses, nenhum outro povo europeu tem tanta semelhança com nós brasileiros, para o bem e para o mal.

Romântica como indica o nome, doce como na mais italiana das expressões e passional como muitos dos habitantes locais, Roma é um destes lugares onde a vida realmente é bela e vale a pena ser vivida em toda sua plenitude, onde as pessoas sabem da importância de cada momento, de cada beijo e abraço, de cada sorriso e de cada boa refeição regada a um bom vinho ao lado de pessoas especiais. Ainda bem que esta é a cidade eterna, pois as futuras gerações merecem ter o direito de conhecer este lugar apaixonante e inesquecível.

Roma foto 2Texto publicado em 20 de Março de 2013 por Roberto Siqueira

Amsterdã

Ir para Amsterdã não foi ideia minha. Não que eu não tivesse curiosidade ou vontade de conhecer a capital holandesa. Eu simplesmente tinha outros sonhos antes dela. A ideia partiu da minha esposa, que sonhava em conhecer a charmosa cidade dos canais, das casas barco e das bicicletas. Por isso, incluímos Amsterdã em nosso roteiro de lua de mel. E valeu cada minuto que passamos nesta cidade que parece de outro planeta.

Muita gente me perguntou se os canais eram sujos e se a cidade era muito bagunçada devido ao liberalismo que por lá impera. A resposta é “pelo contrário”. Amsterdã é uma cidade linda, limpa, organizada e incrivelmente a frente de seu tempo. Os holandeses, aliás, se mostraram o povo mais alegre e receptivo que conheci. Inteligentes (muitos falam diversos idiomas), sabem como poucos receber turistas e tirar o máximo proveito dos pontos positivos de sua cidade. Em Amsterdã, nos sentimos em casa, por mais distante que estejamos de nossa terra natal.

De fato, existem muitas referencias ao sexo. Mas lugares como o famoso bairro da luz vermelha e o Museu do Sexo são tão frequentados por turistas que você se sente como em qualquer outro ponto turístico – é óbvio que muita gente vai lá para se divertir, mas existem muitos casais que passeiam pelo bairro apenas para conhecer, por pura curiosidade. Quando estive em Amsterdã, era permitido o uso da maconha em bares fechados (os Coffee Shops) e certamente isto atraía muitos turistas. Mas em nenhum momento nos sentimos ameaçados ou deslocados por causa da liberação das drogas. Na verdade, passamos até mesmo a entender quem defende a liberação da maconha (eu mesmo sou a favor), ainda que existam diferenças sociais fundamentais entre Brasil e Holanda. Para os apreciadores da cerveja (como eu), Amsterdã também tem diversas opções interessantes, como os bares repletos de marcas famosas mundialmente e os passeios por cervejarias importantes como a Heineken.

O charme da cidade aparece logo na primeira caminhada, com seus canais cortando as ruas planas decoradas pelos prédios baixos que predominam a arquitetura local. Nas ruas, podemos ver carros, bondes (o Tram), bicicletas e pessoas se locomovendo tranquilamente, em perfeita harmonia. As bicicletas, por sinal, são respeitadíssimas e muito utilizadas na cidade, tendo direito até mesmo a semáforos e estacionamentos só pra elas. Mas se passear pelas ruas é uma delícia, andar pelos canais, seja de pedalinho ou de barco (fizemos os dois!) é ainda mais divertido. Olhar aquela linda cidade de outro ângulo revela um novo e apaixonante ponto de vista e ainda nos permite passar bem pertinho das curiosas casas barco que a Dri tanto queria conhecer. Fiquei imaginando como seria viver num local como aquele.

Como estávamos no inicio do Outono, não chegamos a ver as famosas flores de Amsterdã, como as tulipas, espalhadas pelos campos, mas em épocas como a Primavera e o Verão esta certamente é mais uma atração da capital holandesa. Por outro lado, passamos uma tarde deliciosa no Vondelpark, o enorme parque da cidade onde recentemente foi liberada a pratica do sexo após determinado horário. A cidade também respira história e cultura e oferece passeios magníficos como a visita à casa de Anne Frank, o Amsterdams Historisch Museum e os museus de Van Gogh e o Rijksmuseum.

Polêmicas a parte, Amsterdã revela-se uma cidade fantástica tanto para solteiros quanto para famílias. E pra completar, ainda oferece passeios muito interessantes em suas redondezas, como a simpática Zaandam, cidade onde estão localizados os famosos moinhos de vento holandeses. É muito interessante conhecer a história do local, aprender como os moinhos eram importantes para a economia da região e até mesmo poder subir em um deles e ter uma vista privilegiada da cidade. Como se não bastasse, Zaandam ainda oferece excelentes queijos e chocolates, que não conseguimos resistir e acabamos trazendo para o Brasil.

Sou fascinado pela Europa, apaixonado por quase todas as cidades que conheci. Mas, entre todas elas, Amsterdã tem um lugar especial, justamente por ser a mais louca, diferente e empolgante cidade que já conheci. Obrigado pela insistência Dri!

PS: Este texto foi escrito antes da minha última viagem à Europa e não tem nenhuma ligação com a mesma. Decidi esperar até hoje para divulgá-lo porque em 26 de Setembro de 2007, há exatos cinco anos, nós pisamos pela primeira vez nesta linda cidade durante nossa lua de mel. Portanto, trata-se de uma homenagem à mulher da minha vida, que tanto insistiu para conhecer esta cidade mágica.

Texto publicado em 26 de Setembro de 2012 por Roberto Siqueira

Alemanha

Antes de começar a escrever sobre as cidades que conheci na última viagem, quero fazer alguns comentários sobre este país fascinante, que nos encantou definitivamente: a Alemanha.

Se as viagens anteriores foram marcantes por diferentes motivos, desta vez, além da presença do Arthur, o passeio pelo velho mundo serviu para derrubar mitos. Definitivamente, a maioria das coisas que eu ouvia falar da Alemanha antes da viagem caiu por terra. Cheguei até a escrever no Facebook que nunca mais vou falar de algo que não conheço só porque alguém me contou, já que a cada dia aprendo que só podemos falar de algo que conhecemos, caso contrário, será um mero exercício de adivinhação.

É óbvio que numa viagem a passeio tudo fica mais lindo, mais legal, mais interessante. Mas os relatos negativos que eu ouvia também eram de pessoas que estavam viajando a passeio, portanto, o parâmetro é o mesmo.

Em primeiro lugar, a Alemanha está longe, mas bem longe de ser o país cinza e sem vida que me pintaram. Aliás, Berlim e Munique estão entre as cidades grandes mais “verdes” que eu já conheci. E no trajeto entre elas (passei por Praga e Viena no caminho, que ficam fora da Alemanha), a paisagem que vimos através da janela do trem não fica atrás, repleta de lugares cinematográficos, com árvores, lagos e rios belíssimos cercados pelas típicas casinhas alemãs que tanto me encantam. E se a limpeza e a organização das cidades impressionam, a imponência do peso da história que parece pulsar em cada esquina só torna estas duas cidades ainda melhores.

Quanto ao povo alemão, só posso dizer que a maioria absoluta das pessoas que cruzaram nosso caminho nos acolheu muito bem e mesmo os que não falavam inglês tentavam nos ajudar no que era preciso. A imagem que criamos dos alemães foi a melhor possível, um povo festeiro, alegre, hospitaleiro e, o mais interessante de tudo, muito família. A cena mais comum de se notar na rua ou num parque é uma família, com pais, filhos e avós brincando, se divertindo ou apenas relaxando e deixando o tempo passar.

Ah, é claro, tem também a cerveja, uma espécie de liquido sagrado para os alemães, que se divertem em seus bares e “Biergartens” tomando litros e litros da bebida preferida no país. Esta história de que alemão é bravo e sisudo não colou. Eles são bastante festeiros, saem do trabalho no horário e vão curtir, num estilo de vida bem mais interessante do que o que temos, por exemplo, na estressante metrópole paulistana. E por sinal, a tal da “cerveja quente” também me pareceu não passar de mais uma lenda, já que em praticamente todos os bares e “Biergartens” que eu fui a cerveja era no mínimo fria. De fato, eles não tomam cerveja “trincando” como nós aqui porque alegam que perde o sabor, mas isto não quer dizer que a cerveja seja quente.

Além de tudo isso, a infraestrutura do país nos permite conhecer diversos lugares sem precisar de carro, sem enfrentar um transito caótico, sempre com acessibilidade nos trens, ônibus e metrôs para idosos, portadores de necessidades especiais e pessoas (como nós) que carregam crianças em carrinhos de bebê. E eles respeitam muito a prioridade destas pessoas, assim como quem está de carro respeita nossa prioridade na hora de atravessar a rua, respeita os ciclistas (que são muitos), etc.

Outro medo que eu tinha era de levar uma criança de 2 anos numa viagem como esta. Mas o Arthur não poderia ter se saído melhor, curtindo cada novidade, adorando os parques, castelos, os alegres mercados de rua e os playgrounds espalhados pelas cidades. Quando voltei para o Brasil, decidi viajar no feriado de 07 de Setembro e aí sim foi complicado. Levamos 6 horas para fazer uma viagem que normalmente leva 3 horas, o Arthur passou mal por causa do calor, etc. O pessoal achava que éramos malucos de levar ele pra Europa. Mas, na verdade, eu acho que maluco é quem leva criança pra viajar num feriado prolongado em São Paulo. A falta de estrutura, de ferrovias, etc., cria uma situação infernal tanto para quem vai para o interior quanto para quem vai para o litoral. Já na Europa, a facilidade é tamanha que nós ficávamos pensando: “Qual é a loucura de viajar num trem confortável como este, de andar num sistema público de transporte tão eficiente e de conhecer lugares tão lindos?”.

No fim das contas, a grande verdade é que a cada vez que viajo pra Europa eu volto ainda mais decepcionado com o nosso país. Nós brasileiros nos apoiamos na beleza natural (que existe, em maior ou menor escala, em todos os países do mundo) para justificar inúmeros defeitos criados durante anos de corrupção, má administração e jogos de interesses. Aceitamos passivamente a falta de estrutura, de condições melhores de vida, de segurança, de saúde, de educação, etc., alegando que em todo lugar é assim. Não, não é assim! Existem lugares melhores para viver por aí. E isto não é uma opinião, é um fato – e tenho certeza que a maioria das pessoas que já teve a oportunidade de conhecer um país mais desenvolvido vai concordar comigo.

Não conheço muitos países que imagino serem excelentes para viver, como os EUA, a Austrália ou o Japão, por isso não posso falar nada a respeito deles. Mas da Europa eu me sinto a vontade para falar. Existem problemas, é claro, mas são problemas que tem pouca interferência do ser humano (ou seja, não dependem de ações dos governantes), como o frio ou a saudade que os “expatriados” tendem a sentir da família e da terra natal. Mas as vantagens são tantas que se um dia eu tiver a oportunidade, certamente vou optar por morar no exterior, ainda que eu saiba que sentirei saudades de muitas pessoas que ficarão para trás. É mais fácil morar num lugar assim do que esperar que nossos governantes melhorem nosso país. É egoísmo? Sim, é. Mas é a triste realidade e não posso negar meu sentimento.

O texto começou feliz e terminou em tom de desabafo, mas não vou apagar nem uma frase sequer. Espero que compreendam e curtam. E espero também que um dia o povo brasileiro acorde e passe a exigir melhorias reais em nossa pátria amada.

Um grande abraço.

Texto publicado em 22 de Setembro de 2012 por Roberto Siqueira

Categoria: Viagens

Após escrever sobre algumas cidades que conheci, resolvi facilitar a busca destes textos relacionados às viagens. Sendo assim, está criada a categoria “Viagens”, que você pode acessar no menu categorias (lado direito da pagina inicial).

Um abraço.

Texto publicado em 21 de Agosto de 2011 por Roberto Siqueira

Barcelona

Desde pequeno, meu grande sonho era conhecer a Europa. Cresci acompanhando os campeonatos europeus de futebol e me familiarizei com aquelas cidades. Além disso, acompanhei de perto as copas de 1990 (na Itália), 1998 (na França) e 2006 (na Alemanha), o que só aumentou minha vontade de conhecer alguns lugares, mostrados em reportagens especiais. Isto sem contar os filmes que mostravam a beleza de cidades como Paris, Roma, Londres, entre outras. E Deus permitiu que eu realizasse este sonho justamente ao lado do amor da minha vida e em minha lua de mel. Você pode imaginar a euforia que eu sentia ao entrar naquele avião da Ibéria, um dia depois de me casar e de viver emoções tão fortes. Por isso, o dia em que pisei pela primeira vez em território europeu é um dos mais marcantes da minha vida (o nascimento do Arthur não entra em comparações, pois é inigualável!). E lembro muito bem de cada detalhe daquele momento. Apesar de também ter me apaixonado por Madri, Paris e Amsterdã (as outras cidades que visitamos na lua de mel), coube a Barcelona a “honra” de ser a primeira cidade européia que eu conheci na vida.

Antes de chegarmos à Barcelona, no entanto, passamos pelo enorme aeroporto de Madri. E mesmo que seja apenas um aeroporto, aquele local me deixou boas lembranças, com exceção da tensão ao passar pela imigração (na época, os espanhóis estavam deportando muitos brasileiros). Mas levamos toda documentação necessária para provar que éramos turistas e foi tudo bem. Corremos para alcançar a conexão e chegamos à Barcelona pouco tempo depois. Já era noite, mas encontramos o hotel com facilidade, já que a estrutura da cidade é excelente e o metrô te deixa quase na porta do hotel. Para o nosso azar (ou sorte), o hotel tinha problemas com o sistema de ar condicionado, e eles gentilmente nos realocaram em outro hotel, o Park hotel, ao lado do Parc del Ciudadella e há poucos metros de onde ficaríamos inicialmente. Chegando lá, informamos que estávamos em lua de mel e fomos presenteados com uma suíte na cobertura. Saímos um pouco para caminhar pela noite e jantar num barzinho delicioso, onde comemos nossa primeira “paella” em terras espanholas. Minha primeira caminhada em Barcelona foi marcada por olhares atentos em cada detalhe, num passeio pelo bairro gótico que me levou às agitadas Ramblas.

No dia seguinte, a Dri estava com dores nas pernas pela longa viagem e preferiu dormir um pouco mais. Eu saí logo cedo para uma caminhada que marcaria minha vida. Naquela manhã, eu senti a atmosfera daquela cidade alegre e diferente, que mistura a arquitetura genial de Gaudí a um estilo de vida mais light, costumeiro das cidades litorâneas. A ficha caiu. Depois de vagar pelo porto velho, voltei correndo ao hotel e, já com a Dri, comecei a desfrutar cada detalhe desta cidade linda.

Começamos pela impressionante catedral gótica La Sagrada Família, há muito tempo em construção, passamos pelo porto velho e seu bairro charmoso, andamos pela praia e aproveitamos os pequenos mercados com seus queijos e o “jamón”. Em outro dia, visitamos o diferente Parc Güell, com seus mosaicos criativos e a casa de Gaudí, e terminamos no Parc del Ciudadella, um lugar delicioso para passar a tarde, com suas árvores e lagos.

Não dá pra falar sobre Barcelona e esquecer o futebol. Por isso, aproveitei para realizar outro antigo sonho e comprei ingressos para um jogo da Champions League entre Barcelona e Olympique Lyon, que aconteceria numa terça à noite. E a Dri, mesmo sem gostar de futebol, adorou a experiência. Visitamos o estádio do Barça, o museu, as lojas e saímos com os ingressos na mão. Na hora do jogo, me surpreendi com a diferença gritante entre os jogos europeus e os brasileiros. Organização, lugares marcados e nada de filas gigantescas. Tudo em perfeita ordem e sempre com muito respeito ao torcedor. E o mais importante, lógico, é que vi um grande jogo, com Ronaldinho Gaúcho (na época em boa fase), Messi e Henry em campo, além de Juninho Pernambucano pelo Lyon, entre outros.

Na hora de comer e beber, Barcelona também tem seus encantos. Além da famosa “paella”, temos diversas opções nos inúmeros restaurantes espalhados pela cidade, além de ótimos bares para tomar aquela cervejinha e desfrutar a noite. Noite, aliás, que não termina, varando a madrugada com baladas agitadíssimas. E quando o dia amanhece ainda podemos caminhar novamente pelo porto velho, desfrutando a linda paisagem e o belo mar Mediterrâneo. E se estiver cansado, não tem problema. O transporte público é eficiente e te levará aonde desejar de ônibus ou metrô, sempre com preços acessíveis. Além disso, só em Barcelona eu vi uma escada rolante no meio da rua, para nos ajudar a enfrentar uma enorme subida – e me chamou a atenção a limpeza do local e o excelente estado da escada. Seja sincero: é diferente ou não é?

Para curtir Barcelona, vale à pena sair sem rumo, caminhando e descobrindo cada cantinho da cidade. A magia está no ar, na arquitetura diferenciada da cidade e na alegria contagiante das pessoas. Neste lugar, a euforia é quase inevitável. Por tudo isto, esta é uma das cidades que nos faz pensar muitas vezes em viver fora do Brasil e está entre as que mais deixaram saudades. Não é a toa que Romário, Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho brilharam em solo catalão. O talento foi o principal fator, é verdade, mas a atmosfera local ajuda, e muito!

Por isso, sem nem perceber, estávamos lá, no meio da multidão, gritando não apenas pelo time, mas pela paixão que passamos a sentir por esta cidade. Assim com o time, a cidade de Barcelona é apaixonante.

Barça! Barça! Baaaaarrrrçaa!

Eu e a Dri filmando o jogo do Barcelona – vídeo em baixa resolução, porque o original é muito grande.

PS: Para quem quiser acompanhar, o trecho do hino do Barça cantado no estádio em catalão:

Tot el camp, és un clam

som la gent blaugrana,

Tant se val d’on venim

si del sud o del nord

ara estem d’acord, ara estem d’acord,

una bandera ens agermana.

Blaugrana al vent, un crit valent

tenim un nom, el sap tothom:

Barça , Barça, Baaarça!

Texto publicado em 17 de Agosto de 2011 por Roberto Siqueira

Paris

“Paris é muito cara, os franceses são chatos, a quantidade de comida servida nos restaurantes é pequena, as ruas são sujas e o metrô é velho demais”. Estas são algumas das frases que ouvi assim que anunciei onde passaria a lua de mel (na verdade, também conheci Madri, Barcelona e Amsterdã nesta primeira viagem, além das pequenas Versailles e Zaandam), o que ilustra, em primeiro lugar, uma falta de tato incrível das pessoas, que sequer pensavam que eu estava prestes a realizar meu sonho de conhecer a Europa ao lado da pessoa que amo. Só que, depois de pisar na capital francesa, afirmo com segurança: Esqueça tudo isto! A cidade luz é encantadora, é mágica, uma cidade fascinante em que desfrutamos cada nova descoberta e que merece ser visitada outras vezes.

Antes de qualquer coisa, quero esclarecer os fatos. Paris é tão cara quanto qualquer cidade grande (como São Paulo) e tem inúmeras opções para aqueles que estão dispostos a procurar o preço que caiba no seu bolso. Os franceses podem até serem chatos, mas pelo menos comigo e minha esposa não foram – aliás, foram mais receptivos que os “calorosos” italianos, estes sim muito parecidos com os brasileiros (ou seja, ou o cara é gente fina ou é um baita ignorante). Quanto à comida, não tenho do que reclamar (só faltava reclamar de uma das melhores culinárias do mundo, não é mesmo?), quantidade e qualidade elogiáveis. Isto sem falar nos vinhos, maravilhosos até mesmo quando são “da casa”, mas voltaremos a falar deles em instantes. Ruas sujas? Sim, elas existem, mas nem se compara ao que vejo pelas ruas de Sampa. No fim das contas, entre as “acusações” que ouvi antes da viagem, só a do metrô se confirmou, mas apenas nas linhas mais antigas (algumas estavam no início da restauração), já que as novas estavam bem bonitas.

Feito o desabafo, vamos às boas lembranças de uma cidade com tantos lugares legais para conhecer que fica até difícil resumir num texto só. Após sair do aeroporto Charles de Gaulle e pegar o metrô na Gare du Nord, desci na estação “Parmentier” e descobri que os elevadores estavam quebrados, justo na primeira cidade européia em que minha enorme mala não tinha sido extraviada (antes, em Madri e Barcelona, recebi a mala horas depois no hotel). Por isso, fui obrigado a subir vários lances de escada com uma mala enorme, enquanto a Dri ria da minha cara com sua mala pequena. Por sorte, um jovem francês me ofereceu ajuda (não falei que eles são legais?) e outro rapaz me ajudou a encontrar o hotel. Talvez o fato de ter aprendido um pouquinho do idioma local tenha me ajudado, já que eles percebiam meu esforço e passavam a falar inglês sem nenhum problema – o que não é comum, como muitos sabem, por causa do histórico entre Inglaterra e França.

No primeiro dia, deixamos as malas no hotel, passamos pela Bastilha, caminhamos até a Île de la Cité e conhecemos, de uma vez só, o hotel de Ville, o rio Sena e a charmosa catedral de Notre Dame, com seu estilo gótico e belo. De lá, aproveitamos para dar uma esticada no passeio e ver a torre Eiffel de perto. Era noite e ela estava lá, totalmente iluminada. Pode soar brega, eu sei, mas poucos lugares são tão românticos. E podem falar o que for, mas a danada da torre é mesmo um deslumbre! Daí pra frente, cada dia de viagem trazia uma nova emoção.

Mas Paris é charmosa não apenas pelos pontos turísticos. Como disse Vicent Vega em “Pulp Fiction”, são nos pequenos detalhes que a cidade nos encanta. O cuidado com cada jardim, como no lindo jardim des Tuileries, localizado próximo à entrada do Louvre e à linda praça de la Concorde, os cafés, a arquitetura da cidade, as bicicletas, tudo é encantador. E o que dizer do maior museu do mundo então? São necessários alguns dias para conhecer o Louvre em toda sua magnitude. Com tantas atrações fica difícil citar tudo, mas posso dizer que fiquei impressionado com os aposentos de Napoleão e com alguns quadros, dentre os quais está a Mona Lisa, um quadro pequeno é verdade, mas fascinante. Da Vinci era mesmo um gênio!

E não para por aí não. Paris ainda tem a Champs-Élysées, o paraíso dos consumidores que, confesso, me encanta mais pela beleza do lugar. A Dri ficou empolgadíssima com lojas como a Sephora, enquanto eu fiquei ali, admirando a beleza daquela avenida que nos leva ao Arco do Triunfo. À noite, vale à pena conhecer a bela igreja Sacré Coeur e admirar a vista panorâmica da cidade, além de curtir o bairro boêmio Montmartre, que fica atrás da igreja e tem excelentes restaurantes. Não distante, tem outro lugar famoso (e eternizado pelo cinema), o Moulin Rouge, numa avenida divertida, cheia de lugares interessantes como o museu do sexo.

Como se não bastasse à quantidade enorme de lugares pra conhecer, a qualidade da comida e o charme da cidade, com seus cafés aconchegantes que praticamente nos obrigam a passar uma tarde curtindo e batendo papo, Paris ainda tem uma estrutura invejável, com um metrô incrivelmente eficiente, que nos leva em todos os lugares sem exigir grande esforço. Ah, e ainda tem o crepe, aquela delícia irresistível vendida nas ruas da cidade. E a baguete, e o pãozinho com manteiga, e o croissant, e… Deixa pra lá, melhor parar porque já estou com fome.

Gosta de vinhos? Nem preciso dizer que aqui estão muitos dos melhores vinhos do mundo, e mesmo quem quer economizar se dá bem, pois os “vinhos da casa” oferecidos nos restaurantes são bons e nos mercados podemos comprar ótimos vinhos com preços bem acessíveis. O mesmo raciocínio se aplica aos queijos, variados e excelentes, e também encontrados com facilidade pelas ruas da cidade. Com um bom vinho e queijos deliciosos, é só esticar sua toalha no Campo de Marte e apreciar a paisagem ao lado da (s) pessoa (s) que você gosta. Tem algo melhor?

E se você gosta de ficar sem fazer nada apenas curtindo o tempo passar, eis uma cidade mais que convidativa com lugares como a margem do rio Sena e o citado campo de Marte, entre tantos outros. Finalmente, nem vou citar Versailles, que merece um post a parte, tamanho o deslumbre que provoca em quem decide conhecê-la.

Infelizmente, estou terminando. Já li, reli e desisto. Jamais conseguirei expressar em palavras o que é conhecer Paris. A verdade é que somente quem esteve lá sabe do que estou falando. A cidade luz realmente nos encanta profundamente. Não é perfeita, claro, nenhuma é. Mas merece a fama que tem. É um lugar diferente, que merece ser descoberto lentamente. E quanto mais o tempo passa, mais tenho saudade da capital francesa.

Só tem uma solução para curar este sentimento nostálgico: Quanto está à passagem para Paris?

Em breve, se Deus quiser!

Texto publicado em 05 de Agosto de 2011 por Roberto Siqueira

Praga

Para iniciar a série de textos sobre as viagens que fiz, nada melhor que escrever sobre aquela que considero a cidade mais bela que já vi na vida. Não posso descrever Praga de outra forma que não seja “uma cidade mágica”. Na realidade, é extremamente difícil transmitir em palavras as sensações que sentimos quando andamos por aquelas ruas estreitas, repletas de prédios coloridos e incrivelmente imponentes, com um skyline lindíssimo formado pela bela arquitetura local, nos lembrando castelos dos contos de fadas.

Além da belíssima arquitetura, a limpeza das ruas, o ar de antiguidade misturado à modernidade e até mesmo o idioma local nos lembra a todo momento que estamos num local onde tudo é diferente e inesquecível. Afinal, onde mais poderíamos descer de um bonde, entrar numa taverna que mais parece ter saído dos cenários de “O Senhor dos Anéis” e tomar cerveja numa jarra de vidro de 500 ml? Mais surreal ainda é ver um cidadão local entrar com uma mochila nas costas, tirar uma garrafa pet de 2 litros, encher de chope e sair bebendo na rua naturalmente. Praga é assim. A cerveja é sagrada, e melhor que isto, é muito boa.

A cidade é linda independente do bairro em que se esteja e pra curtir de verdade é aconselhável andar a pé, para não perder nenhum pequeno detalhe. Foi o que fizemos, saindo sem rumo e dando de frente com lugares maravilhosos como a Wenceslau Square ou o relógio astronômico, localizado na divertida Old Town Square, a praça do centro antigo da cidade. O velho e lindo castelo de Praga se torna ainda mais belo à noite, quando já está completamente iluminado, e a ponte Carlos é esplêndida de qualquer ponto de vista. Belo também é o visual de cima da ponte, assim como é ainda mais estarrecedor olhar para a cidade do alto do castelo. A sensação é de que tudo parece um quadro, não uma cidade.

Jantar em Praga é outra tarefa incrivelmente prazerosa, por mais que a comida local não seja das melhores (nem mesmo o gigante cachorro-quente é tão saboroso). O prazer está no ambiente, como um restaurante medieval, com espadas e armadura na parede, e comida servida numa taboa de madeira, para comer como há séculos atrás. A iluminação à luz de velas complementa o clima perfeito. Além de tudo isso, o frio que fazia na cidade na época me proporcionou uma experiência inesquecível, pois foi lá que vi neve pela primeira vez. E não há como descrever a sensação de ver e sentir de perto este fenômeno meteorológico tão belo. Some-se a tudo isto a simpatia do povo local, que mesmo sem saber falar inglês ou espanhol (português então nem pensar), tenta de todas as maneiras compreender o estrangeiro e ajudar no que for preciso.

Posso dizer que vivi um sonho nos dias que passei em Praga. Com certeza, fui enfeitiçado pela beleza absurda da cidade. E freqüentemente me pego nostálgico (e isto acontece com minha esposa também), com saudades daquele lugar mágico e inesquecível. Acho que o nome da cidade se refere justamente a este sentimento. Voltamos de lá com uma saudade incrível, uma “praga” que teima em nos lembrar daquele lindo lugar. Felizmente, esta é uma praga deliciosa… Por tudo isto eu afirmo: a linda capital tcheca é certamente a cidade mais bela que já conheci.

Um grande abraço.

Texto publicado em 23 de Agosto de 2010 por Roberto Siqueira

Viajar

Viajar para o exterior é diferente. Não que viajar no Brasil não seja bom (viajar é sempre bom, e num país belíssimo como o nosso é melhor ainda). Ser diferente não quer dizer ser melhor. Muitas coisas são melhores, outras são piores, mas com certeza, conhecer outro país é algo diferente. Num outro país, cada pequeno detalhe é uma novidade, desde os produtos num supermercado de Paris até o semáforo para bicicletas em Amsterdã. E quando gostamos demais de um lugar, freqüentemente nos pegamos num sentimento nostálgico, de saudade destes pequenos detalhes, cheiros, sons, entre outras coisas.

Por causa desta nostalgia gostosa, decidi escrever aqui no blog sobre cada cidade que já conheci fora do país. Não vou determinar uma periodicidade para isto, mas escreverei sempre que tiver vontade (e inspiração). Também não vou determinar uma seqüência, mas pretendo escrever sobre cada uma das dezenas de cidades que já conheci, tanto na Europa quanto na América do Sul. Não quero me comprometer, mas provavelmente a primeira das cidades que escreverei será Praga (na verdade, já escrevi um pequeno texto sobre Versailles, mas bem diferente do que pretendo fazer agora). Praga, aliás, que é a cidade que mais me dá saudade (e em minha esposa também), talvez por ser a mais diferente quando comparada as nossas cidades. Ou simplesmente por ser a mais linda de todas elas.

Em breve inicio mais esta série no blog, que foge (eu sei) do assunto principal do Cinema & Debate, mas ainda assim, acho interessante e pretendo compartilhar com cada leitor deste espaço.

Espero que gostem.

Um abraço.

Texto publicado em 04 de Abril de 2010 por Roberto Siqueira