KOKO-DI KOKO-DA (2019)

(Koko-Di Koko-Da)

Dirigido por Johannes Nyholm.

Elenco: Ylva Gallon, Leif Edlund Johansson, Peter Belli e Katarina Jacobson.

Roteiro: Johannes Nyholm.

Produção: Johannes Nyholm e Maria Møller Christoffersen.

Um casal resolve acampar numa floresta como forma de fugir da sua rotina e tentar superar a perda de sua filha pequena, que morreu três anos atrás. Talvez o melhor filme que vi na mostra, com certeza a melhor experiência. Não é um filme simples, ele demanda inteligência e criatividade do espectador para fazer as devidas associações.

O roteiro possui uma mecânica que se repete sempre em duas partes, e ele vai avançando desta forma: o casal está dentro da barraca e a mulher diz que precisa ir ao banheiro, acordando o marido. Aparecem três pessoas, um senhor vestido com chapéu mais antigo, um sujeito que parece estereótipo de um caipira forte, e uma mulher. Eles trazem um animal morto nos braços e um cão, e matam primeiro a mulher depois o homem. Então vemos o casal dirigindo para o lugar do acampamento e novamente dentro da barraca, mas o marido acorda tendo sonhado o que ocorreu antes, e por vezes a mulher.

O filme é muito impactante. A cena da morte da filha do casal é surpreendente e chocante. A edição de som desse filme é primorosa, e reforça a tensão constante na qual o casal sempre se encontra. A câmera, embora sempre solta, na maioria das cenas restringe nossa visão, sendo que muita coisa acontece extracampo e acompanhamos a narrativa pelo som. Na maioria dos projetos, todo diálogo do filme fica concentrado na caixa de som principal na frente, e uma maneira de garantir que por pior que seja a estrutura do sistema de som, os diálogos serão ouvidos. Aqui, a mixagem trabalhou de tal forma que o diálogo quando vem dos lados ou de trás, fica nestas caixas e não na caixa principal. Desta forma, muitas vezes temos mais de um diálogo acontecendo simultaneamente e sem que um fique sobre o outro, o que cria alguns momentos assustadores, especialmente quando o espectador já entendeu a dinâmica do filme.

Um trabalho magnífico que faz os espectadores saírem da sala e ficarem por algumas horas juntando os pedaços desse enigmático quebra-cabeças.

Texto publicado em 01 de Novembro de 2019 por Adriano Cardoso

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