007 – James Bond

Abertura 007Criado em 1953 pelo escritor britânico Ian Fleming no romance “Cassino Royale”, James Bond é um agente secreto fictício do serviço de espionagem britânico MI-6. Também conhecido como 007 por ser o sétimo da categoria especial “00” de agentes com licença para matar, o personagem tornou-se um sucesso de vendas, chamando a atenção dos produtores Harry Saltzman e Albert Broccoli, então donos da produtora EON (Everything or Nothing), que resolveram levar o personagem para as telonas. Quase uma década depois, chegava aos cinemas “007 Contra O Satânico Dr. No”, inaugurando uma das franquias mais duradoras e bem sucedidas financeiramente da história do cinema.

As razões para este sucesso são claras. Apostando quase sempre na mesma estrutura narrativa, os filmes de James Bond estão longe de ser um exemplo de originalidade, mas não é exatamente na força da narrativa que se concentra o poder de atração que a franquia exerce sobre seus fãs. A fórmula, na verdade, é bem simples: primeiro temos um segmento de abertura, seguido pelos créditos e a música tema. Depois, Bond recebe a missão de M, conversa com Moneypenny e parte para a ação. No campo, quase sempre 007 tem um confronto físico com um capanga, se relaciona com belas mulheres e encontra o vilão em seu território. Muitas vezes durante um jantar, o vilão faz questão de explicar em detalhes os seus planos maquiavélicos para Bond que, invariavelmente, enfrentará diversas situações adversas até chegar ao confronto final, derrotar o vilão e concluir sua missão – quase sempre, acompanhado de uma bela mulher.

O sucesso, no entanto, se deve ao charme e ao estilo de seu protagonista, aos excêntricos vilões que quase sempre desejam dominar o mundo, as belíssimas mulheres que cruzam seu caminho, aos criativos acessórios (os famosos gadgets) e desejados carros esportivos que Bond recebe de Q e, obviamente, as elaboradas, exageradas e divertidas cenas de ação que permeiam toda a filmografia do agente secreto mais famoso do mundo.

Interpretado por 6 atores diferentes, Bond recebeu notoriedade na pele de Sean Connery, o primeiro e ainda hoje mais marcante ator a viver o personagem. Logo em sua primeira fala, Connery imortalizou um dos bordões mais famosos do cinema (“Meu nome é Bond, James Bond”). Depois dele vieram ainda George Lazenby, Roger Moore, Timothy Dalton, Pierce Brosnan e Daniel Craig, todos com sua parcela de fãs e de detratores. Moore, por exemplo, ficou famoso por levar a franquia para um lado mais cômico, soando quase como uma autoparódia no final de sua passagem, enquanto Dalton trouxe de volta a seriedade, numa composição mais fria e agressiva que também desagradou alguns. E enquanto Lazenby mal teve tempo de demonstrar qualquer potencial, Brosnan foi sabotado pela queda brutal de qualidade da franquia em seu último filme. Coube então a Daniel Craig resgatar o prestígio de 007 com louvor no ótimo “Cassino Royale”, que ressuscitou James Bond num momento extremamente difícil de sua história no cinema.

Bond James BondDono de um gosto extremamente refinado notável em seus ternos impecáveis e sua predileção por champanhe Dom Perignon e vodka Martini (“Batido, não mexido”), James Bond é um personagem fascinante, ainda que poucas vezes nos forneça muitas informações sobre ele. Sabemos, por exemplo, que ele é machista (o que está longe de ser um elogio), mas não sabemos a razão de tal comportamento – talvez “Cassino Royale” caminhe nesta direção. Acompanhamos seu casamento e o trauma provocado pela morte da esposa, mas nada sabemos sobre sua origem e sua infância. No fim das contas, Bond mantém uma aura de mistério que só fortalece ainda mais o personagem justamente por torná-lo imprevisível.

O que Bond não faz questão de esconder é a atração que sente pelas mulheres – e não são poucas as musas que cruzam seu caminho ao longo da franquia. Entre tantas atrizes belíssimas que interpretaram as famosas bondgirls, vale destacar Ursula Andress, famosa pelo momento em que emerge do mar, Diana Rigg, que vive o grande amor da vida de James Bond, Jill St. John, na pele de uma divertida contrabandista, Barbara Bach, intérprete da espiã russa que se une ao espião a pedido de seu governo, Shirley Eaton, dona da morte mais icônica da série, Carole Bouquet, como a bela que busca vingar a morte dos pais arqueólogos marinhos, Honor Blackman, famosa pelo nome de sua personagem que pilota aviões, Michelle Yeoh, como uma perita em artes marciais, e Eva Green, o primeiro amor da vida de Bond e provável responsável por seus traumas.

BondgirlsAs mulheres também fizeram parte da extensa galeria de vilões megalomaníacos que cruzaram o caminho de Bond, como é o caso, por exemplo, de Sophie Marceau como Elektra. No entanto, a maioria dos vilões marcantes foi mesmo interpretada por homens, como é o caso de Scaramanga, vivido por ninguém menos que Christopher Lee, o perigoso Le Chiffre de Mads Mikkelsen, o midiático Elliot Carver de Jonathan Pryce, o cínico Max Zorin interpretado por Christopher Walken, o inesquecível Auric Goldfinger de Gert Fröbe e claro, Ernst Stavro Blofeld, o histórico líder da organização terrorista SPECTRE interpretado por Anthony Dawson, Donald Pleasence, Telly Savalas, Charles Gray e John Hollis em 6 filmes oficiais da franquia. Recentemente, Javier Bardem também deu as caras criando outro vilão memorável em “007 Operação Skyfall”.

VilõesE não apenas de vilões e mocinhas vive a franquia 007, já que alguns personagens coadjuvantes tornaram-se marcantes especialmente pelos intérpretes carismáticos que assumiram papéis como o de Q, vivido ao longo de décadas por Desmond Llewelyn e depois por John Cleese e Ben Whishaw (no primeiro filme, foi interpretado por Peter Burton), M, interpretado por Bernard Lee, Robert Brown e Judi Dench e, obviamente, a sempre simpática Moneypenny, que ficou marcada na pele de Lois Maxwell e que também foi interpretada por Caroline Bliss, Samantha Bond e Naomie Harris. Vale lembrar também o caricato e divertido capanga Jaws interpretado em dois filmes por Richard Kiel e o parrudo Oddjob vivido pelo coreano Harold Sakata.

QOutra marca registrada da franquia é o uso de uma canção tema durante as visualmente chamativas apresentações dos créditos iniciais, algo praticamente extinto no cinema atual, mas que permanece firme e forte nos filmes de 007. Além do tema clássico composto por Monty Norman e rearranjado por John Barry, são muitas as canções marcantes ao longo dos anos, algumas melhores que o próprio filme, como é o caso do clássico “Live & let die”, de Paul McCartney & Wings, outras por serem belíssimas mesmo como “Nobody Does It Better”, de Carly Simon. Até hoje, Shirley Bassey é a intérprete que mais teve canções tema, marcando especialmente com “Goldfinger”, e até mesmo Madonna teve sua chance, infelizmente mal aproveitada com a nada empolgante “Die Another Day”. Nos anos 80, grupos famosos como Duran Duran e A-Ha também participaram com as canções “A View to a Kill” e “The Living Daylights” e, no ano passado, Adele foi a primeira a vencer um Oscar de Melhor Canção Original por uma música tema de 007 com “Skyfall”. Entre as minhas favoritas, vale destacar também a bela “You Know My Name“, de Chris Cornell.

Mas talvez sejam os luxuosos carros equipados com toda parafernália tecnológica imaginável e, claro, os criativos gadgets utilizados por James Bond que exerçam o maior fascínio sobre os fãs da série. De um propulsor a jato que faz James Bond voar (o Jet Pack) a um Aston Martin que fica invisível, a lista de carros e acessórios criativos é extensa, mas, além dos dois já citados, vale lembrar o carro submarino Lotus Esprit, o famoso Aston Martin DB-V, o Rolex eletromagnético, a explosiva pasta de documentos, os óculos de espionagem que permitem ver por baixo das roupas (o que nas mãos de Bond se torna ainda mais perigoso) e a pequena “Nellie”, um mini-helicóptero dobrável com grande poder de fogo.

Lotus EspritDono de enorme carisma e de uma capacidade ímpar para livrar-se do perigo, James Bond continua sendo o espião mais querido do mundo.

Abaixo você confere toda a filmografia da série 007 até hoje.

FILMOGRAFIA

007 Contra O Satânico Dr. No (1962)

Moscou Contra 007 (1963)

007 Contra Goldfinger (1964)

007 Contra a Chantagem Atômica (1965)

Com 007 só se vive duas vezes (1967)

007 A Serviço Secreto de sua Majestade (1969)

007 Os Diamantes São Eternos (1971)

Com 007 Viva e deixe Morrer (1973)

007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro (1974)

007 O Espião que me Amava (1977)

007 Contra o Foguete da Morte (1979)

007 Somente para seus Olhos (1981)

007 Contra Octopussy (1983)

007 Na Mira dos Assassinos (1985)

007 Marcado para a Morte (1987)

007 Permissão para Matar (1989)

007 Contra Goldeneye (1995)

007 O Amanhã Nunca Morre (1997)

007 O Mundo não é o Bastante (1999)

007 Um Novo Dia para Morrer (2002)

007 Cassino Royale (2006)

007 Quantum of Solace (2008)

007 Operação Skyfall (2012)

Um grande abraço.

James BondTexto publicado em 11 de Maio de 2014 por Roberto Siqueira

5 comentários sobre “007 – James Bond

  1. Fábio Ribeiro 6 julho, 2017 / 2:19 pm

    Ótima sua crítica, meu caro. Apenas aponto um equívoco: o bordão “Meu nome é Bond. James Bond” não foi criado pelo ótimo Sean Connery e sim pelo também ótimo Lazenby, no único filme em que atuou na série. Um grande abraço.

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  2. Severino Mavungo 8 dezembro, 2015 / 4:25 pm

    Grande filme e muitos gostam.

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  3. Ademir Faccion 9 julho, 2014 / 9:04 pm

    Muito boa sua matéria, mas você esqueceu de mencionar que em 1954 foi feito um filme para a televisão “CASSINO ROYALE” com Barry Nelson, portanto ele foi o primeiro ator a fazer o personagem James Bond.
    Para nós colecionadores do agente este filme tem que fazer parte dos arquivos de 007 por ser um documento histórico.
    Um abraço
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