O SÉCULO DA FUMAÇA (2019)

(Century of Smoke)

 

Dirigido por Nicolas Graux.

Elenco: Pyawqdzei Dzanrbo, Lome Armyovq, Byevpyawq Dzanrbo e Sawvqnm Ngap.

Roteiro: Nicolas Graux.

Produção: Julie Frères.

Um documentário sobre comunidades no Laos que vivem do plantio e colheita do ópio, e por conta disso acabaram se tornando usuários e não conseguem abandonar o vício. O segundo plano do filme é muito inteligente e resume toda a obra, ao mesmo tempo em que deixa claro qual será a abordagem do diretor: com a câmera estática numa tomada longa, vemos de longe casas da comunidade e uma fumaça, que vai ficando mais e mais intensa até que ela se torna tudo que conseguimos enxergar.

A câmera age como um espectador, imerso na comunidade, testemunhando os moradores se drogarem, trabalharem, lamentarem e tentarem criar seus filhos em meio a esse universo. Alguns relatos são tristes e emocionantes, mas a opção por planos longos e contemplativos nem sempre funciona, uma vez que não servem para espaço da ação interna ou raciocínio do espectador, são em grande parte tempos mortos em cenas paisagísticas sem grande relevância.

Texto publicado em 21 de Outubro de 2019 por Adriano Cardoso

ESTAÇÃO DAS CHUVAS (2019)

(Wet Season)

 

Dirigido por Anthony Chen.

Elenco: Yann Yann Yeo, Koh Jia Ler, Christopher Lee e Yang Shi Bin.

Roteiro: Anthony Chen.

Produção: Anthony Chen, Tan Si En e Huang Wenhong.

Uma professora com problemas em casa que tenta engravidar começa uma amizade com um de seus alunos. Com um primeiro ato muito bom, e cenas muito bem dirigidas, incluindo uma na qual com a câmera instalada dentro de um veículo observamos um incidente fora, para depois observamos pelo retrovisor do carro a reação da personagem que testemunhou o evento, o roteiro passa a ser previsível e querer trazer leveza excessiva.

Texto publicado em 21 de Outubro de 2019 por Adriano Cardoso

AFTERLIFE (2019)

(Hiernamaals)

 

Dirigido por Willem Bosch.

Elenco: Sanaa Giwa, Romana Vrede, Gijs Scholten van Aschat e Jan-Paul Buijs.

Roteiro: Willem Bosch.

Produção: Pieter Kuijpers, Sander van Meurs e Iris Otten.

Sam é uma garota de 16 anos que perde a mãe e tem que assumir as obrigações da casa cuidado de seu pai e seus dois irmãos gêmeos menores, até que um dia ela morre e encontra a mãe. Então a garota decide nascer de novo e impedir que sua mãe morra novamente caindo de uma escada.

Embora os primeiros 15 minutos deem a impressão errada de que é uma comédia, que tenta a todo instante fazer o espectador rir e conta com narração de todos acontecimentos, logo abandona esses vícios e se torna uma obra bastante interessante. O roteiro que a primeira vista parece frágil e previsível logo se mostra inteligente em pequenos detalhes. Das cores usadas pelas personagens à seleção da trilha sonora, tudo funciona de forma a envolver o espectador e nos levar a uma jornada muito interessante.

Texto publicado em 21 de Outubro de 2019 por Adriano Cardoso

OS DIAS DA BALEIA (2019)

(Los Días de La Ballena)

 

Dirigido por Catalina Arroyave Restrepo.

Elenco: Laura Tobón, David Escallón, Julián Girlado, Carlos Fonnegra e Christian Tappan.

Roteiro: Catalina Arroyave Restrepo.

Produção: Jaime Guerrero Naudin.

Cristina e outros jovens resolvem desafiar uma gangue de Medellín, grafitando um muro, que continha avisos com ameaças. O filme é baseado na vida da diretora Catalina Arroyave. Embora tenha elementos interessantes como uma baleia que surge de forma surrealista em três pontos do longa, de forma a fazer uma analogia com as mudanças que estão por vir, o roteiro não chega a ser envolvente e as atuações são apenas medianas.

Texto publicado em 20 de Outubro de 2019 por Adriano Cardoso

ARIMA (2019)

(Arima)

 

Dirigido por Jaione Camborda.

Elenco: Melania Cruz, Nagore Arias, Rosa Puga Dávila e Tito Asorey.

Roteiro: Jaione Camborda.

Produção: Jaione Camborda.

Três mulheres e uma criança têm suas vidas alteradas quando um homem misterioso aparece no vilarejo onde vivem. A trama apresenta premissas interessantes que nunca desenvolve, ao passo em que foca no minimalismo das situações e na ação interna das personagens, sem contudo construir a mínima verossimilhança para o universo que tenta construir.

Fica a impressão de que a vila é habitada apenas por estas personagens, e que os realizadores não souberam como conduzir e, principalmente, como finalizar o projeto de forma minimamente satisfatória.

Texto publicado em 20 de Outubro de 2019 por Adriano Cardoso

LABIRINTO (2019)

(Labirent)

 

Dirigido por Amir Hossein Torabi.

Elenco: Shahab Hosseini, Sareh Bayat, Ghazal Nazar, Pejman Jamshidi e Fariba Jedikar.

Roteiro: Tala Motazedi.

Produção: Sepehr Seifi e Maryam Shafiei.

Um garoto desaparece enquanto estava sendo cuidado pelo pai, o que é o gatilho para que muitos segredos da família venham à tona, enquanto todos se engajam na procura do menino. O nome labirinto é uma analogia ao fato de que vamos descobrindo segredos de cada membro da família enquanto o filme avança, que são como caminhos que podem levar a alguma pista do que realmente aconteceu.

Texto publicado em 20 de Outubro de 2019 por Adriano Cardoso

VIAJANTE DA MEIA-NOITE (2019)

(Midnight Traveler)

 

Dirigido por Hassan Fazili.

Elenco: Hassan Fazili, Nargis Fazili, Zahra Fazili e Fatima Hossaini.

Roteiro: Emelie Mahdavian.

Produção: Emelie Mahdavian e Su Kim.

Documentário sobre uma família: casal de cineastas e três crianças pequenas, que precisam fugir do Afeganistão pois receberam ameaça de morte do Talibã após terem feito um filme de um de seus líderes, que acabou sendo morto pelo próprio grupo devido à repercussão de sua exposição. Filmado com três celulares, é um retrato duro da família que vira refugiada e precisa atravessar ilegalmente diversos países para pedir asilo à União Europeia.

Filmado durante toda a jornada deles, desde a partida do Afeganistão, nos sentimos como parte da família: ficamos apreensivos em travessias arriscadas, entediados como as crianças nos campos de refugiados e com medo da onda fascista que tomou conta de alguns países do mundo, e aqui dá as caras quando polícias protegem manifestantes sérvios que desejam bater e expulsar os imigrantes de um centro de refugiados.

Texto publicado em 20 de Outubro de 2019 por Adriano Cardoso

TERRA SAGRADA (2019)

(Noah Land)

 

Dirigido por Cenk Ertürk.

Elenco: Ali Atay, Haluk Bilginer, Arin Kusaksizoglu, Mehmet Ozgur e Hande Dogandemir.

Roteiro: Cenk Ertürk.

Produção: Alp Ertürk, Sevki Tuna Ertürk e Cenk Ertürk.

Um homem com os dias contados tem como último desejo ser enterrado aos pés de uma árvore que ele plantou, por isso convence seu filho a retornar com ele para a cidade onde cresceu. Quando eles chegam ao local descobrem que o local onde a árvore está plantada virou um santuário, e que os moradores locais não permitirão o enterro lá.

O espectador aos poucos vai descobrindo mais sobre esses personagens e a complexa relação entre eles, o roteiro e as atuações fazem um ótimo trabalho, em especial ao mostrar como uma cidade que a princípio parece pacata, é capaz de cada vez atos mais violentos para proteger seu legado religioso.

Texto publicado em 19 de Outubro de 2019 por Adriano Cardoso

SYMPATHY FOR THE DEVIL (2019)

(Sympathy for the Devil)

 

Dirigido por Guillaume de Fontenay.

Elenco: Elisa Lasowski, Niels Schneider, Ella Rumpf, Arieh Worthalter e Vincent Rottiers.

Roteiro: Guillaume Vigneault, Guillaume De Fontenay e Jean Barbe.

Produção: Pascal Bascaron, Nicole Robert, Jean-Yves Robin, Marc Stanimirovic e Rona Thomas.

O filme baseado no livro de mesmo nome mostra o trabalho de jornalistas de guerra que cobriram o cerco a Sarajevo, na guerra da Bósnia. Acompanhamos o jornalista francês Paul que começa a se transformar por conta das atrocidades que vê. A estratégia de filmar quase todos os planos com câmera na mão traz um incrível realismo a história, além de ressaltar a tensão.

A fotografia é extremamente competente ao retratar a violência e a situação na qual o ambiente se encontra, enquanto o roteiro é competente ao construir os personagens de forma complexa, e embora coloque os sérvios como vilões, o foco é na passividade e burocracia das forças da ONU que apenas acompanham de perto as monstruosidades cometidas sem interferir com a premissa de que estão buscando um acordo de paz.

Texto publicado em 19 de Outubro de 2019 por Adriano Cardoso

DU (2019)

(DU)

 

Dirigido por Paul Tunge.

Elenco: Maria Grazia de Meo e Jørgen Hausberg Nilsen.

Roteiro: Paul Tunge.

Produção: Paul Tunge e Alexander Kristiansen.

Um casal passa férias juntos e conforme se conhecem melhor percebem que talvez tenham muitas diferenças e não consigam suportar um ao outro por muito tempo. A escolha por alterar a razão de espectro do tradicional 16:9 por 4:3, junto com a utilização de planos em sua maioria muito fechados nos coloca sempre dentro da vida do casal, reforçando a proximidade entre ambos e mostrando como às vezes isso também gera um desconforto.

Relações como o patriarcado e machismo vão surgindo a medida que os dias passam. O elenco oferece grandes atuações e o filme é bem dirigido, com destaque para uma cena em que no mesmo plano os dois personagens se exercitam, em ritmo semelhante mas de tal forma diferente, um paralelo com a dicotomia do casal.

Texto publicado em 19 de Outubro de 2019 por Adriano Cardoso