Os Clássicos dos Mundiais – Parte 1

Após assistir atentamente as excelentes transmissões dos VT’s completos de grandes jogos da Copa do Mundo nos canais ESPN, gostaria de deixar alguns comentários sobre cada um deles registrados aqui no blog, conforme avisei que faria neste post. Pra começar, os primeiros cinco jogos na ordem em que foram transmitidos:

FINAL DA COPA DO MUNDO DE 1970: BRASIL 4 X 1 ITÁLIA

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Uma das maiores seleções de todos os tempos, o Brasil de 70 já apresentava algumas novidades que seriam utilizadas em todos os times do mundo anos depois, como a subida do lateral para o ataque, ainda que numa freqüência muito menor que no revolucionário time holandês de 74. Rever este grande jogo significou também uma espetacular oportunidade de assistir gênios como Pelé, Rivelino, Tostão e Gérson em lances que jamais tinha visto antes, já que normalmente vemos os gols e jogadas mais famosas. Ver o Pelé fazer uma tabela e até mesmo seus erros, como uma falta cobrada nas arquibancadas, foi muito legal. Também me impressionou o ritmo da partida, obviamente mais lento que dos dias atuais, mas muito superior ao que eu esperava para a época. A violência também chama a atenção, já que muitas faltas hoje seriam punidas com cartão, o que eleva ainda mais a qualidade dos jogadores, que mesmo com uma marcação forte assim conseguiam jogadas espetaculares. Sobre o jogo em si, o Brasil passeou, muito pela excepcional qualidade do time e um pouco pelo fato da Itália (que também era um bom time, ainda que inferior ao Brasil) estar muito cansada depois do épico jogo semifinal contra a Alemanha de Beckenbauer.

COPA DO MUNDO DE 1974: HOLANDA 2 X 0 BRASIL

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Em 1974 o Brasil já não era mais o mesmo. E a Holanda nunca mais foi a mesma daquele ano (ainda que em 98 tivesse um time espetacular). Por isso, o resultado do jogo ficou até de bom tamanho para a seleção canarinho. Assistir aos noventa minutos serviu para desmistificar algumas lendas, como a de que o Brasil poderia ter vencido o jogo. As raríssimas oportunidades de gol que tivemos não se comparam ao excepcional futebol do time laranja, que já havia atropelado a Argentina por 4×0, numa das maiores apresentações de uma seleção em Copas. Leão fez uma defesa sensacional num chute do craque Cruyff e Luis Pereira, Rivelino & Cia bateram demais, num jogo extremamente violento. A Holanda bateu, mas também jogou futebol. E jogou o suficiente para eliminar nossa seleção, com méritos. Alguns momentos do jogo exemplificam perfeitamente porque a “laranja mecânica” fez tanta fama, com quatro ou cinco jogadores partindo pra cima da bola ao mesmo tempo, além da perfeita sincronização da então inovadora linha de impedimento.

FINAL DA COPA DO MUNDO DE 1974: ALEMANHA 2 x 1 HOLANDA

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“Aonde existir um favorito absoluto, sempre existirá a Alemanha para derrotá-lo”. Este parece ser um lema quase sempre obedecido pelo futebol em Copas. É injusto dizer que os alemães não sabem jogar futebol. Sabem e muito, e os números provam isto. Mas quase sempre são considerados azarões, porque seu futebol raramente é vistoso, ainda que tenha grandes craques em sua história, como Beckenbauer, Mathäus e Klinsmann, pra ficar entre os mais recentes. Em 54 venceram a espetacular Hungria. Em 74 não foi diferente. Nem mesmo com o inicio extraordinário da Holanda liderada por Cruyff, que arrancou da intermediaria com um minuto de jogo, sem que os donos da casa tocassem na bola, para sofrer o pênalti que ele mesmo converteria em 1×0. Mas o gol parece ter adormecido o excepcional time holandês, que assistiu os fortes germânicos virarem o jogo com dois gols do mega artilheiro Gerd Müller (maior artilheiro das Copas até 2006, quando Ronaldo superou sua marca). Muito interessante ver Beckenbauer desfilar em campo com todo seu talento e ver como mesmo sendo superior tecnicamente, a Holanda caiu frente à organização e força alemã.

COPA DO MUNDO DE 1978: ARGENTINA 0 X 0 BRASIL

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De forma surpreendente (pelo menos pra mim), o Brasil jogou com enorme tranqüilidade e não sofreu o sufoco que eu imaginava quando ouvia falar da “batalha de Rosário”. O Brasil jogou bem, teve chances de vencer a partida e o empate, naquela altura, foi um bom resultado. Não imaginávamos que o Peru, bom time que era, levaria aquela sonora (e suspeita) goleada que classificou os hermanos para a final da Copa. Apesar de bastante violento, o jogo claramente foi mais limpo que os jogos de 74 e este é um aspecto interessante de observar. A violência, tão comentada hoje no futebol com os tais brucutus, era muito maior na década de 70, com verdadeiros lances de luta livre, com direito a voadoras, tesouras e tudo mais. Quanto ao futebol apresentado pelas duas seleções, o Brasil, como disse, jogou bem e mostrou qualidade principalmente na defesa, enquanto a Argentina mostrou talento principalmente com Mario Kempes, incisivo atacante que curiosamente não tem tanta fama hoje em dia, mas que em 78 mostrou ter muita qualidade. Um jogo mais truncado, mas ainda assim muito interessante de se assistir.

COPA DO MUNDO DE 1978: ARGENTINA 6 X 0 PERU

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Nem mesmo a bola na trave logo no início da partida, num dos raros ataques peruanos, serviu para desmistificar o tão famoso jogo de 78. Havia algo de estranho no ar. Não ouso dizer que os peruanos entregaram a partida, por mais que esta seja a alternativa mais plausível. Devemos considerar também, como disse muito bem o excelente Mauro Cezar Pereira na transmissão da ESPN, que os peruanos podiam estar intimidados pela ditadura argentina, que pode muito bem ter agido nos bastidores para que os jogadores peruanos estivessem amedrontados. A verdade é que o time peruano não fez o mínimo esforço para evitar a goleada que classificaria os argentinos para a decisão da Copa em terras portenhas. E a chuva de gols foi apenas conseqüência da facilidade encontrada por Kempes, Passarela e companhia diante de um time apático e sem o menor interesse na partida. Um jogo manchado é verdade, mas inegavelmente um verdadeiro clássico dos mundiais.

Bom, por enquanto é isto. Em breve comento mais cinco grandes clássicos dos mundiais. E gostaria de parabenizar mais uma vez os canais ESPN pela excelente iniciativa.

Um grande abraço.

Texto publicado em 21 de Abril de 2010 por Roberto Siqueira

2 comentários sobre “Os Clássicos dos Mundiais – Parte 1

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