Lost é fascinante. Disto não tenho dúvida. Por mais que existam defeitos (e eles existem, acredite), a série mostrou uma capacidade incrível de prender a atenção do espectador ao longo destes anos todos, graças a uma narrativa inteligente e muito bem construída, além de mostrar uma eficiência invejável na arte de se reinventar. Contando com um elenco coeso e muito competente, Lost usa e abusa de seus mistérios para mostrar a intrigante trajetória de personagens magníficos, utilizando com precisão o conflito fé x ciência, sem jamais pender definitivamente para um lado. E exatamente por isso, diversas teorias a respeito da natureza da ilha foram surgindo ao longo dos anos, e provavelmente a maioria delas ainda pode estar correta, graças ao leque incrível de possibilidades aberto pelos inventivos roteiristas da série.
Mas estamos chegando num momento crucial, que com certeza será um divisor de águas entre os fãs de Lost. O momento da definição final da série certamente deixará uma legião de fãs desapontados e tantos outros eufóricos, independente do caminho tomado pelos criadores. Isto porque obviamente os fãs não pensam da mesma forma e, portanto, será impossível agradar a todos. Existem aqueles que gostam de explicações sobre tudo (e que certamente ficarão revoltados caso algo não tenha uma explicação plausível) e outros tantos (como eu) que gostariam de ver a série terminando com muitos mistérios em aberto, abrindo assim a possibilidade de mais discussões e interpretações. Não sei qual será o caminho escolhido por Carlton Cuse e Damon Lindelof para concluir Lost, mas mal posso esperar para conferir.
Só que antes de assistir os últimos episódios da série, não posso deixar de compartilhar com os leitores do Cinema & Debate a teoria que desenvolvi nesta última temporada (com base em muita coisa que li e nos episódios que vi até hoje) e que já compartilhei com amigos e familiares. Deixo apenas um aviso, como de costume: é bom ter assistido pelo menos até o 15º episódio da série antes de ler, pois o texto contém spoilers.
TEORIA SOBRE LOST, por Roberto Siqueira
(Não leia se ainda não assistiu até o 15º episódio da 6º temporada de Lost)
De forma bem resumida, acredito que a ilha é mesmo uma espécie de purgatório, ou um local de transição entre a vida terrena e o céu/inferno. Para mim, os “losties” morreram na queda do Oceanic 815 (ora, tanta gente sobreviver a um acidente aéreo desta proporção seria algo no mínimo estranho…) e aqueles que tiveram uma vida atribulada foram enviados ao “purgatório” para uma segunda chance. Neste local, onde as regras da vida terrena pouco se aplicam, e por isso coisas absurdas eram possíveis, o foco verdadeiro deve ser dado na redenção destas pessoas (e repare como todos os losties tinham problemas na vida particular, como os “flashbacks” fizeram questão de reforçar ao longo de muitas temporadas) e não nos aspectos “sobrenaturais” da ilha.
Minha teoria ganhou corpo quando a sexta temporada introduziu a “realidade paralela”, que em minha opinião é, na realidade, o período pós-ilha, onde cada lostie viverá o seu paraíso ou inferno particular. Veja, portanto, que céu e inferno aqui são diferentes do que estamos acostumados a ouvir e ler a respeito. Nada de lagos e árvores no céu ou fogo no inferno. Trata-se de um “paraíso pessoal” para aqueles que foram aprovados na ilha, como Hurley (está bem com Libby), Jack (é feliz com seu filho), Sawyer (é feliz trabalhando na polícia e evitando golpes como o que acabou com sua vida ainda na infância) e o casal Jin e Sun (que vive um casamento feliz). Sun e Jin, aliás, reforçaram ainda mais a minha tese, quando, no 14º episódio, encerraram sua passagem pelo purgatório. Pense bem: o casamento estava por um fio quando os coreanos embarcaram rumo à Los Angeles, com Sun prestes a abandonar o marido. Mas após a queda na ilha, os dois tiveram a chance de se reconciliar e, no momento final, Jin não abandonou a mulher, ao passo em que ela não hesitou em pedir para que o marido salvasse sua pele. Ambos demonstraram amor verdadeiro e foram aprovados, passando a viver uma vida muito melhor no período pós-ilha.
Entendo também que alguns personagens, como Charlie e Kate, não deverão ser aprovados, passando a viver um verdadeiro “inferno pessoal” no período pós-ilha. Como podem perceber, ainda preciso raciocinar sobre a função de Widmore e Desmond nisto tudo, mas tenho a esperança de que Lost me dê estas pistas nos episódios finais. E a história da origem de Jacob e do homem de preto, a aparição da caverna de luz, as diversas referências bíblicas e a clara alusão à luta entre o bem e o mal foram dicas interessantes que serviram para me sentir ainda mais seguro com relação à minha teoria. Obviamente, posso estar redondamente enganado e ser desmentido já no episódio desta terça. E confesso que ficarei muito feliz caso os criadores de Lost apresentem uma explicação ainda mais interessante e provem que estou enganado. Mas também admito que ficarei muito satisfeito caso a série termine sem deixar muitas explicações, permitindo a cada espectador elaborar, assim como eu fiz, sua própria explicação sobre os mistérios da ilha.
Espero que gostem da teoria, por mais que não concordem com ela.
Um grande abraço.
Agora que pensei com mais calma, percebi que sua teoria (que me empolga) não se encaixa com algumas coisas. Ou melhor: não consigo encaixar elementos como os experimentos Dharma, a saída da ilha na quarta temporada; alem de Charlie, por ex, ter se redimido ao final da 3a temporada e ainda assim ter ido para seu “inferno pessoal”. Mas é possível que ainda nos falte informação para explicar essas combinações. Assim espero. 🙂
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Eu também espero Achilles. Mas acima de tudo, espero um final inteligente e “pouco explicativo”.
Obrigado pelo comentário. Abraço.
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Fala Betinho!
òtimo Post… sua teoria tem muitos fundamentos, até eu ajudei nela né…. na parte do Jack..rsrs
Apesar dos produtores desmentirem esse alne de purgatório e tal, creio que podemos ter esse desfecho SIM… o complicado é encaixar a Iniciativa Dharma / Wildmore nesse contexto… mas vamos ver, vamos torcer pra sua teoria dar certo!
O que eu imagino é que o Desmond, como todos sabem terá um papel importante no desfecho e de alguma forma ele irá entrar na caverna da luz para prender o MIB novamente… como vimos no episódio centrado nele onde evidencia a resistência ao Magnetismo..
Abraço… NAMASTÊ!
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É verdade Adauto, você me ajudou a fechar o raciocínio.
Também quero saber como encaixar Desmond, Widmore e a iniciativa Dharma em tudo isto. Tomara que os episódios finais me ajudem. Mas se o final for interessante, mesmo que não tenha nada a ver com minha teoria, ficarei feliz.
Obrigado pelo comentário.
Namastê!
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