Lembro muito bem daquela manhã, mas não quero falar a respeito dela. Prefiro lembrar momentos como este do vídeo abaixo.
Para as novas gerações, talvez seja difícil dimensionar o tamanho de Ayrton Senna para o brasileiro. País recém-saído de uma ditadura e carente de ídolos, o Brasil encontrou em Senna um símbolo, alguém para colocar as esperanças nas manhãs de domingo e esquecer, mesmo que momentaneamente, os problemas do cotidiano. Competente e carismático, Senna elevou a autoestima de um povo sofrido e, morto precoce e tragicamente, transformou-se em mito.
Senna foi meu primeiro ídolo no esporte. Não faço parte do time que detrata os feitos de Schumacher para elevar ainda mais o mito Ayrton Senna. Sou fã dos dois gênios. Até por isso, aquela fatídica manhã de domingo me tirou mais do que o ídolo. Tirou também a possibilidade de curtir aquele que seria o maior duelo da história da Fórmula 1.
Continuei acompanhando as corridas, curti os sete títulos de Schumacher e só deixei mesmo de acompanhar a Fórmula 1 recentemente. Mas aquela manhã me tirou algo especial. Lembro-me das corridas que assistia ao lado do meu pai, que pegava o copo de cerveja sem olhar para a mesa para não perder um instante sequer das corridas. Depois da tragédia, poucas vezes assistimos corridas juntos novamente.
Senna se foi. Mas a quantidade de homenagens prestadas no dia de hoje demonstram o quanto ele foi importante. E isto é o bastante. Melhor de todos os tempos? Não importa. Senna foi o maior mito do esporte brasileiro.
Texto publicado em 01 de Maio de 2014 por Roberto Siqueira