A MARCA DA MALDADE (1958)

(Touch of Evil)

 

Filmes em Geral #76

Dirigido por Orson Welles.

Elenco: Orson Welles, Charlton Heston, Janet Leigh, Zsa Zsa Gabor, Joseph Calleia, Akim Tamiroff, Joanna Cook Moore, Marlene Dietrich, Victor Millan, Lalo Rios, Valentin de Vargas e Ray Collins Dennis.

Roteiro: Orson Welles, baseado em livro de Whit Masterson.

Produção: Albert Zugsmith.

[Antes de qualquer coisa, gostaria de pedir que só leia esta crítica se já tiver assistido ao filme. Para fazer uma análise mais detalhada é necessário citar cenas importantes da trama].

Dezessete anos depois de dirigir e estrelar aquele que é considerado por muitos críticos como o filme mais importante da história, Orson Welles voltou a comprovar sua genialidade neste legitimo filme noir, que utiliza as características do gênero para fazer também um profundo e brutal estudo de personagem. Em “A Marca da Maldade”, Welles esmiúça um homem amargurado pelo passado, que, superficialmente, parece apenas mais um vilão unidimensional, mas em sua essência, revela-se tragicamente mais complexo.

Escrito pelo próprio Welles, baseado em livro de Whit Masterson, “A Marca da Maldade” nos apresenta a história de Miguel Vargas (Charlton Heston), um chefe de polícia mexicano que decide investigar o assassinato de um milionário no meio de sua lua-de-mel com a esposa Susan (Janet Leigh), numa pequena cidade localizada na fronteira entre o México e os Estados Unidos. Em pouco tempo, ele se depara com o detetive local Hank Quinlan (Orson Welles), que assume as investigações e começa a se desentender com Vargas, graças à sua maneira nada convencional de resolver o caso.

Utilizando os conflitos da zona de fronteira entre os EUA e o México como pano de fundo, “A Marca da Maldade” nos apresenta uma narrativa complexa, típica dos filmes noir, que nos apresenta diversos personagens num submundo de crime, decadente e repleto de cinismo. Com inteligência, o roteiro aproveita até mesmo as diferentes nacionalidades do casal para criar situações potencialmente tensas, como quando ela se recusa a ficar no México e acaba hospedada num hotel isolado no deserto norte-americano. Contando com o bom trabalho dos montadores Edward Curtiss, Aaron Stell e Virgil W. Vogel, Welles conduz a narrativa num ritmo interessante, alternando bem entre as cenas de Susan no hotel e a investigação de Vargas na cidade. Mas apesar da trama envolver a investigação de um crime, é no estudo do capitão Hank Quinlan que está o grande mérito do longa, que lentamente nos apresenta as diversas facetas daquele homem.

Ainda na parte técnica, no primeiro e no terceiro ato Orson Welles – auxiliado pelo diretor de fotografia Russell Metty – cria um visual sombrio, com muitas cenas noturnas e pouca iluminação, deixando apenas o segundo ato ser predominado por uma fotografia mais clara, com cenas diurnas e em ambientes abertos. A atmosfera noir é completada ainda pelos figurinos de Bill Thomas, que veste os homens com os famosos sobretudos, e a direção de arte de Robert Clatworthy e Alexander Golitzen, que cria cidades decadentes na fronteira dos dois países, refletindo a situação econômica da época. E de maneira inteligente, a trilha sonora diegética de Henry Mancini utiliza instrumentos presentes nos cenários (como rádios e vitrolas) para tocar música mexicana e ambientar o espectador ao local.

Mas apesar do apuro técnico, o grande destaque é mesmo a direção de Orson Welles, que se impõe desde o memorável plano-seqüência que abre o filme, acompanhando a colocação da bomba no carro de um conhecido cidadão local, passando pelo casal Vargas que caminha tranqüilamente pela rua e terminando com a chocante explosão do veículo, que prende imediatamente o espectador à narrativa. Empregando elegantes travelling e movimentos de câmera, como aquele que revela o isolamento do hotel em que Susan está hospedada – e dá a exata noção do perigo que ela corre quando os sobrinhos de Grandi (Akim Tamiroff) chegam ao local -, o diretor se destaca ainda nos pequenos detalhes, como ao utilizar uma caixa de papelão para nos indicar os métodos controversos de trabalho de Hank. Em outro momento, Hank pergunta sobre a esposa de Vargas e a câmera destaca suas mãos mexendo nos ovos em um ninho, numa metáfora interessante para a própria condição do mexicano, que, assim como aquela galinha, deixou sua esposa desprotegida num hotel distante.

Só que além de ser um excepcional diretor, Welles era também um ator extraordinário. Em “A Marca da Maldade”, ele cria um Hank amargo e ambíguo, com seu jeito autoritário de falar contrastando diretamente com os momentos em que a lembrança da esposa assassinada revela sua faceta frágil. Aos poucos, somos apresentados ao seu passado sombrio, entendemos melhor suas motivações e sabemos qual é a ligação entre a morte de sua esposa e a situação do jovem Sanchez (Victor Millan), suspeito de matar o milionário por ser casado com a filha dele. Depois de ter “deixado escapar” o assassino da esposa, Hank entende que para prender um criminoso tudo é valido. Seus polêmicos métodos de trabalho apenas refletem as feridas em sua alma e os sentimentos que se escondem sob aquela carcaça durona e nebulosa. E o pior, ele tem plena certeza de que está certo ao agir daquela maneira. Chega a ser tocante observar como aquele homem acredita verdadeiramente que seus repugnantes métodos de trabalho são legítimos, como se estivesse apenas dando uma contribuição para que a justiça fosse feita. Por fim, o ator se sai bem, por exemplo, quando Hank está bêbado, conferindo bastante realismo à cena com seu olhar e tom de voz, numa atuação fantástica, que conta ainda com duelos verbais marcantes com Vargas, o personagem interpretado por Charlton Heston.

Apesar de jamais convencer como um mexicano com seu inglês perfeito e seu bigode falso, Heston está bem como o determinado Vargas, que de tão obstinado por sua profissão, acaba deixando de lado sua esposa, a charmosa Susan interpretada por Janet Leigh (a garota do chuveiro de “Psicose”, que certamente passou a detestar hotéis após estes dois filmes). Infelizmente, o elenco secundário soa bastante caricato em diversos momentos, especialmente o vigia noturno do hotel e alguns dos sobrinhos do mafioso “Tio Joe” Grandi. Por outro lado, os Grandi soam ameaçadores graças à maneira como o roteiro explora os artifícios da lei, fazendo com que eles evitem tocar em Susan na maior parte do tempo, intimidando a garota de outras maneiras, como através da foto tirada na entrada da casa do “Tio Joe”, que poderia complicar a vida dela.

Só que esta linha é ultrapassada quando Hank decide jogar muito sujo com Vargas – seguindo a tradição noir de que “os fins justificam os meios” – e orquestra (ao lado do “Tio Joe”) uma situação envolvendo drogas e orgia, que busca destruir a imagem de Susan diante da sociedade. Astuto, Hank aproveita para se livrar também do próprio “Tio Joe”, assassinando-o e preparando a cena do crime para incriminar a moça. Mas ele não contava com a revelação de seu grande amigo Pete Menzies (Joseph Calleia), que encontra sua bengala no quarto e, surpreendentemente, avisa Vargas. Mesmo desconfiado, Vargas decide confiar em Pete e tenta armar uma situação que denuncie Hank. Caminhamos então para um final apoteótico, com a tentativa desesperada de Vargas de gravar uma conversa entre Hank e Pete e desmascarar o famoso policial enquanto os três passeiam por lugares obscuros até o desfecho memorável numa ponte. E a grande mensagem de “A Marca da Maldade” surge nas palavras da misteriosa Tanya (Marlene Dietrich), que afirma que “Hank era um policial ruim… mas era um homem extraordinário”. A ambigüidade do ser humano está resumida aí.

Considerado o último grande filme noir, “A Marca da Maldade” encerra com dignidade o período clássico do movimento. Com um fascinante estudo de personagem, muitas cenas marcantes e uma trama envolvente, o longa comprova a competência de Orson Welles tanto na direção quanto na atuação, apresentando a dualidade do ser humano de maneira contundente e deixando o espectador reflexivo. O “toque de maldade” do título original em inglês poderia muito bem se referir ao toque especial que Welles dava em seus filmes.

Texto publicado em 24 de Novembro de 2011 por Roberto Siqueira

PSICOSE (1960)

(Psycho)

5 Estrelas 

Obra-Prima

 

Filmes em Geral #4

Videoteca do Beto #23 (Adquirido quando a Videoteca estava no filme #22; crítica já havia sido publicada na categoria “Filmes em Geral”).

Dirigido por Alfred Hitchcock.

Elenco: Anthony Perkins, Janet Leigh, Martin Balsam, John Gavin, Vera Miles, Simon Oakland, Vaughn Taylor e John McIntire. 

Roteiro: Joseph Stefano, baseado em livro de Robert Bloch. 

Produção: Alfred Hitchcock. 

[Antes de qualquer coisa, gostaria de pedir que só leia esta crítica se já tiver assistido o filme. Para fazer uma análise mais detalhada é necessário citar cenas importantes da trama].

Quando o extremamente talentoso diretor Alfred Hitchcock resolveu filmar o livro Psicose de Roberto Bloch, ele sabia exatamente o que queria: chocar a platéia. E o resultado final não poderia ter sido melhor. Ao terminar de assistir pela primeira vez este clássico do mestre do suspense, fiquei imaginando como teria sido a reação das pessoas na época de seu lançamento, há quase 50 anos atrás. Porque se em pleno ano de 2009 eu tive nada menos do que três choques de arrebentar com a espinha de qualquer um, imagina o que sentiram as pessoas que presenciaram esta maravilha do cinema na tela grande?

É praticamente impossível fazer uma crítica de Psicose sem escrever sobre trechos essenciais da narrativa. Por esta razão, peço educadamente que só leiam esta crítica se já tiverem assistido ao filme. Caso ainda não tenha visto o filme, sugiro parar a leitura por aqui e voltar somente depois de vê-lo. Ver o filme sem saber o que acontece é essencial para viver uma experiência inesquecível.

Marion Crane (Janet Leigh) é apaixonada por Sam Loomis (John Gavin), um homem que, apesar de muito trabalhador, não tem boas condições financeiras. Apesar de hesitar, ela não perde a chance de roubar 40 mil dólares de um velho rico quando esta se oferece, e foge de carro para a cidade de seu amor. Devido a uma forte chuva no caminho, ela decide parar em um Hotel para descansar. É onde conhece Norman Bates, um jovem simpático que parece ter sérios problemas com sua velha mãe. 

A narrativa de Psicose inicia focando o relacionamento amoroso de Marion e Sam, um casal apaixonado e que aparentemente enfrenta problemas para poder viver seu romance. Ele é separado e sofre com os problemas financeiros causados pela pensão. Ela sonha em casar-se, mas sabe que não poderá viver somente de amor, e precisa ajudar Sam a conquistar sua liberdade financeira. É quando a vida oferece uma chance para Marion. Mesmo sendo uma atitude perigosa e totalmente fora dos padrões morais e éticos, ela resolve arriscar e rouba 40 mil dólares que lhe foram confiados para um deposito. No caminho da fuga, ela despista um policial desconfiado e termina sua trajetória em um Hotel escondido na beira da estrada. E termina mesmo! Aqui está um dos primeiros choques que Psicose causa no espectador. Até a primeira metade da narrativa, somos levados a acreditar que a história que será contada é sobre Marion. Só que antes de uma hora de filme ela é brutalmente assassinada, naquela que se tornaria uma das cenas mais famosas do cinema, o assassinato na banheira com a trilha sonora arrepiante de Bernard Herrmann. Auxiliado pelo ótimo roteiro de Joseph Stefano, Hitchcock quebra o eixo da narrativa com brilhantismo, chocando o espectador. Uma confusão se estabelece em nossas mentes neste momento. Qual seria o rumo da história agora? A estrutura convencional dos filmes é quebrada, alterando todo o foco da narrativa. A brilhante fotografia de John L. Russel ajuda a criar um truque essencial para o suspense da trama. Observe como na famosa cena o jogo de luz e sombras esconde os traços principais do rosto da senhora Bates e a revelação de seu rosto só acontece no último ato. Desta forma, temos a dica, mas não a solução para o caso. A excelente montagem de George Tomasini também é essencial na construção do suspense. A rápida troca de imagens aumenta ainda mais o impacto da cena na banheira. Seu talento também pode ser observado na cena final, que sincroniza perfeitamente as diversas ações paralelas que culminam na monumental cena em que a identidade da assassina é revelada. Outros dois momentos são essenciais para que o espectador não descubra a solução da trama antes da hora. O primeiro deles é quando o detetive Arbogast vê a senhora Bates na janela da casa e em seguida é abordado por Norman Bates na frente do Hotel. O segundo acontece quando o xerife Chambers (John McIntire) conta para Sam e Lila (Vera Miles) que a Sra. Bates morreu há dez anos. No plano seguinte, podemos ver a porta do quarto da Sra. Bates e ouvir ela e Norman dialogando. Em seguida, vemos Norman carregando sua mãe para o porão. Apesar de jamais mostrar o rosto dela, Hicthcock praticamente anula em nossas mentes a possibilidade de Norman e sua mãe serem a mesma pessoa. O diretor cria ainda seqüências visualmente interessantes, como o corte seco do plano do ralo para o plano do olho de Marion morta. Através de um travelling, ele sai do olho da moça, passa pelo dinheiro na cômoda e termina a cena com um plano distante da casa. Este movimento não é feito à toa. O diretor quer mostrar todo o cenário do crime, para nos ambientar e relembrar tudo que está envolvido naquele assassinato.

O elenco de Psicose colabora muito para o sucesso do longa. O grande destaque fica para Anthony Perkins, que cria um Norman Bates simpático inicialmente e enigmático no final do filme. Seu olhar para baixo, as mãos cruzadas e seu gaguejar ao falar, além do sorriso contido quando conversa com Marion, demonstram a aparente timidez do rapaz e nos causa simpatia pelo personagem. É perfeitamente aceitável que um rapaz isolado do mundo fique extremamente ansioso ao se deparar com uma jovem bonita como Marion. Sentimos pena dele ao ser maltratado pela mãe e entendemos ser um rapaz muito bom quando ele oferece comida para a moça. Sua transformação ao longo da trama é gradual, mas ele nos dá dicas do que poderá acontecer. Sua reação nervosa diante da insinuação de Marion sobre uma possível internação de sua mãe e a forma com que ele responde as perguntas do detetive Arbogast (Martin Balsam) são indícios da personalidade do rapaz. É claro que são dicas praticamente imperceptíveis em um primeiro momento, já que Hitchcock jamais entregaria o segredo da trama assim de bandeja. Quando a revelação final é feita, o espanto é tão grande que o espectador se sente traído (no bom sentido é claro, já que o roteiro propositalmente nos leva a isso), já que todos os bons sentimentos que pensava ter em relação a Norman são atirados de volta contra ele. Janet Leigh também está muito bem. Observe como ela demonstra toda ambigüidade de Marion na cena do roubo, quando hesita em pegar o dinheiro por diversas vezes enquanto arruma a mala. Ela olha para o dinheiro, respira fundo, coloca roupas na mala, olha novamente, pensa mais um pouco, até que finalmente decide colocar o dinheiro na bolsa. O Sam Loomis de John Gavin é um homem sério, honesto e muito determinado. Sua reação quando o detetive pergunta se Marion está com ele e lhe conta que ela roubou o dinheiro ilustra muito bem a seriedade do personagem. Martin Balsam demonstra firmeza e determinação na busca do que aconteceu no papel do detetive Arbogast. Também se mostra alguém desconfiado nos diálogos que tem com Sam e Lila, e posteriormente com Norman, como é de se esperar na profissão dele. Podemos destacar ainda Vera Miles como Lila Crane, a determinada irmã de Marion, e Simon Oakland, como o didático (mas essencial na época) doutor Fred Richmond.

Como se o primeiro grande choque ocorrido na morte de Marion não fosse suficiente, Psicose conta ainda com mais dois momentos espetaculares que podem servir tranquilamente como inspiração para qualquer filme do gênero (e com certeza serviram ao longo dos anos). O segundo assassinato, ocorrido dentro da casa dos Bates, é um exemplo de como dirigir com perfeição uma cena de suspense. Observe como Hitchcock nos ambienta na casa primeiramente e depois nos leva lentamente através dos passos do detetive pelas escadas, aumentando a tensão nos espectadores. O silencio é a chave para o clima quase palpável de suspense. Quando ele se aproxima do quarto, a câmera muda de posição, filmando por cima e simultaneamente a escada, o detetive e a porta entreaberta do quarto da Sra. Bates. Testemunhamos em poucos segundos a porta se abrir, o reflexo da luz do quarto invadir o corredor e a assassina sair como um raio de dentro do quarto para esfaquear a vítima, ao som da trilha sonora aterrorizante. O choque é inevitável e inesquecível.

A trama caminha com consistência para o terceiro ato, onde o último choque encerrará com perfeição a obra-prima do mestre Hitchcock. As investigações levam a dupla Sam e Lila para o Hotel de Norman, onde supostamente Marion e Arbogast teriam sumido. O espectador sabe que a razão dos assassinatos não era o dinheiro, mas eles não sabem. Ao se apresentarem como um casal e hospedar-se no Hotel, a trama cria a situação ideal para o final mais que perfeito. Somos levados a imaginar que os dois vão ser as últimas vitimas da velha maluca. Até que Lila invade a casa sozinha para tentar falar com a mãe de Norman e, ameaçada pela chegada do rapaz, se esconde na escada que leva aos porões. Ela decide entrar e é exatamente ali que será revelada a grande surpresa da trama e o verdadeiro significado do nome do filme (e do livro) em uma cena absolutamente genial. O conjunto de fatos que levam à cena antológica nos causa um choque atordoante no momento em que descobrimos a verdadeira identidade da assassina. A didática explicação sobre a dupla personalidade de Norman que precede o genial encerramento do filme com ele vestido na camisa de força, era mais do que necessária na época para que as pessoas entendessem a personalidade perturbada do personagem. Talvez hoje não fosse necessária, mas retirar esta cena não tornaria de forma alguma o filme melhor.

Psicose é o cinema em seu estado puro. É a manipulação das emoções da platéia feita com competência e genialidade. É a prova real de que para ser assustador, um filme não precisa necessariamente de acordes altíssimos ou monstros aparecendo repentinamente na tela. É claro que a trilha tem participação importante no longa, mas o que nos causa medo (e não susto) é a situação em que os personagens estão envolvidos. E isto é resultado do trabalho de uma equipe competente, de atores capacitados e de um diretor genial. Não é preciso mais nada.

Texto publicado em 29 de Julho de 2009 por Roberto Siqueira