OS GOONIES (1985)

(The Goonies)

 

Videoteca do Beto #57

Dirigido por Richard Donner.

Elenco: Sean Astin, Josh Brolin, Jeff Cohen, Corey Feldman, Kerri Green, Martha Plimpton, Jonathan Ke Quan, John Matuszak, Robert Davi, Joe Pantoliano, Anne Ramsey, Lupe Ontiveros, Mary Ellen Trainor, Keith Walker e Paul Tuerpe.

Roteiro: Chris Columbus, baseado em estória de Steven Spielberg.

Produção: Harvey Bernhard e Richard Donner.

[Antes de qualquer coisa, gostaria de pedir que só leia esta crítica se já tiver assistido o filme. Para fazer uma análise mais detalhada é necessário citar cenas importantes da trama].

Baseada em estória de Steven Spielberg, esta deliciosa aventura juvenil dirigida pelo versátil e competente Richard Donner brinda o espectador com uma narrativa muito interessante, capaz de prender a atenção durante todo o longa e que conta ainda com algumas cenas simplesmente inesquecíveis. A excelente interpretação coletiva de um elenco jovem e muito competente – que conta com nomes como Josh Brolin e Sean Astin – é a cereja do bolo deste leve e delicioso “Os Goonies”, que marcou toda uma geração de cinéfilos pelo mundo, abordando temas recorrentes da adolescência, como o fortalecimento das amizades e a descoberta do sexo.

Prestes a deixar o local onde vivem, um grupo de adolescentes que se intitula “os Goonies” resolve organizar uma cerimônia de despedida do local e dos próprios integrantes do grupo. Mas ao descobrir o mapa de um tesouro perdido, resolvem partir em busca do misterioso tesouro para evitar a venda e demolição das casas onde moram.

O inteligente roteiro de Chris Columbus, baseado em estória de Steven Spielberg, mistura muito bem a ação e o humor, algo que fica ainda mais evidente graças à dinâmica montagem de Michael Kahn, que imprime um ritmo ágil à narrativa, bastante apropriado para uma aventura juvenil. Além disso, o roteiro aborda temas marcantes da adolescência, como o estabelecimento de fortes laços de amizade e a descoberta da atração pelo sexo oposto. Afinal de contas, o que seriam “os goonies” senão um grupo de amigos, destes que, ainda que o tempo distancie, guardamos na memória para sempre? Já a descoberta da atração pelo sexo oposto, um momento muito importante na vida de qualquer adolescente, é ilustrada, por exemplo, quando Michael (Sean Astin) acidentalmente beija Andy (Kerri Green), que esperava pelo irmão dele (Brandon, interpretado por Josh Brolin), numa das muitas cenas bem humoradas do longa. A criatividade, marca registrada do filme, aparece logo no início da narrativa, através da forma inteligente com que um dos bandidos foge da prisão, deixando claro desde então quem serão os vilões da estória. A criatividade volta a aparecer em diversos outros momentos, como no interessante método utilizado para abrir o portão dos Walsh e, principalmente, durante toda a aventura dos adolescentes na busca pelo tesouro escondido dentro de uma casa aparentemente abandonada. Além disso, o bom humor permeia toda a narrativa, como na cômica tradução de “Bocão” (Corey Feldman) para as palavras em espanhol da empregada e na acidental quebra da estátua da Sra. Walsh. Neste sentido, também merece destaque a ligação de “Bolão” (Jeff Cohen) para a polícia, que serve como lição nada sutil para crianças mentirosas.

Richard Donner dirige “Os Goonies” com extrema segurança, criando belas seqüências em diversos momentos, como no plano aéreo em que os garotos andam de bicicleta, seguido por um pequeno travelling para a esquerda que revela o local onde a aventura se passará. Em outro momento, o diretor movimenta a câmera rapidamente para a esquerda enquanto cada “goonie” fala uma frase, formando um interessante jogral. Já durante a descida por uma espécie de toboágua, a câmera agitada nos leva pra dentro da cena, conferindo realismo e garantido a emoção. Mas o principal destaque no trabalho de Donner vai mesmo para a direção de atores, que consegue extrair uma performance coletiva de alto nível de um elenco extremamente jovem. O drama familiar da eminente perda da casa motiva os jovens a seguir na busca pelo tesouro. E se nos identificamos e compramos a idéia deles, é devido às boas e convincentes atuações. Todos os nomes do elenco merecem destaque, com atenção especial para Jeff Cohen, que interpreta o “Bolão” e é o dono das melhores cenas do longa. Josh Brolin como Brandon Walsh, Sean Astin como Michael Walsh, Corey Feldman vivendo o “Bocão”, Jonathan Ke Quan como “Data” e Kerri Green interpretando Andy completam o coeso elenco juvenil. Ainda nas atuações, o marcante e deformado Sloth é interpretado por John Matuszak e entre os vilões, o destaque fica para a engraçada Mama Fratelli, muito bem interpretada por Anne Ramsey.

Assim como outro herói de Spielberg (o arqueólogo Indiana Jones), os “goonies” cometem erros constantemente, o que aumenta a empatia do espectador e faz com que este realmente tema pelo destino dos aventureiros. Colabora com este sentimento o fato de Donner não abrir mão da utilização de ameaças reais, como o uso de armas de fogo por parte dos bandidos, o que aumenta a sensação de perigo e transforma os vilões em personagens mais realistas. Mas ainda que o perigo pareça real, o clima alegre e divertido é o que prevalece. Os figurinos coloridos de Linda DeScenna e a trilha sonora divertida e empolgante (típica de aventuras) de Dave Grusin – que conta com música de Cindy Lauper – reafirmam a cara oitentista do filme. A fotografia (Direção de Nick McLean), também bastante colorida, reforça o clima alegre do filme. Além disso, capricha na iluminação e no jogo de luz e sombra, já que boa parte do filme se passa dentro de uma caverna.

A frase de Michael “Willie, você é o primeiro goonie” ilustra muito bem o espírito aventureiro do filme, que agrada em cheio tanto as crianças como os adultos – adultos estes que já foram adolescentes um dia e viveram todas as sensações desta fase tão cheia de dúvidas e, ao mesmo tempo, tão marcante em nossas vidas. Nem mesmo os efeitos visuais que hoje soam ultrapassados devem ser levados em conta na avaliação, já que não são mais importantes que a criativa narrativa do longa. Talvez o único pecado de “Os Goonies” seja mesmo o extenso terceiro ato, que demora demais para encerrar a narrativa após a resolução do principal conflito da trama, que é a descoberta do tesouro. Não fosse este pequeno detalhe, a pérola dirigida por Richard Donner seria um filme praticamente perfeito dentro daquilo que se propõe a fazer.

Extremamente leve e divertido, “Os Goonies” conta com um roteiro criativo e a direção competente de Richard Donner para brindar o espectador com uma aventura juvenil bastante agradável. Abordando temas marcantes da adolescência durante a empolgante jornada, consegue prender a atenção do espectador, que se identifica com diversas situações vividas por aquele grupo de jovens e realmente torce pelo sucesso deles. Por isso, pode-se dizer que “Os Goonies” é uma aventura acima da média, que consegue entreter espectadores de todas as idades de maneira bastante original.

Texto publicado em 09 de Maio de 2010 por Roberto Siqueira

16 comentários sobre “OS GOONIES (1985)

  1. JEFFERSON COUTINHO 12 agosto, 2011 / 1:02 am

    ROBERTO VC QUASE ME FEZ CHORAR COM ESSES COMENTÁRIOS SOBRE ESSE FILME KKK!
    FOI UM DOS MELHORES FILMES QUE ASSISTI NA MINHA INFANCIA, EU HOJE TENHO 31 ANOS E NAO ESQUEÇI DE NADA NESSE FILME!
    FALANDO NISSO VC SABE AONDE POSSO BAIXAR ESSE FILME EM PORTUGUES AQUI NA NET?
    ABRAÇOS E PARABÉNS

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    • Roberto Siqueira 12 agosto, 2011 / 5:14 pm

      Olá Jefferson,
      Fico feliz que o texto de te emocionou. Um filme marcante para a nossa geração.
      Não sei não, mas sei que se quiser comprar o DVD original você encontra barato na internet (eu paguei R$ 12,90 nas Americanas).
      Abraço.

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  2. rodrigojovem@bol.com.br 4 março, 2011 / 12:31 am

    Roberto parabéns pelo site e pela critica no filme Os Goonies, esse filme marcou muito minha infância e pra dizer a verdade eu fui um goonies….rsrsrsrs, depois que vi esse maravilhoso filme comecei a fazer inumeras aventuras de garoto de 10 anos em diante fazia na epoca..kkkkkkk, hj tenho 30 anos e sempre antes de dormir assisto este filme com minha esposa. Muito bom mesmo….ai que saudades da minha infancia.
    obs: gostaria que vc fizesse uma critica do filme conte comigo….se lembra deste?!?!?!!?1

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    • Roberto Siqueira 4 março, 2011 / 8:55 pm

      Olá Rodrigo.
      Obrigado pelo elogio. Com certeza “Os Goonies” marcou nossa geração.
      Não lembro muito bem de “Conte Comigo”, mas já anotei a dica e vou procurar para escrever a respeito.
      Um grande abraço e fique à vontade para comentar sempre que quiser no Cinema & Debate.

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  3. Carlos 14 janeiro, 2011 / 5:44 pm

    Roberto, só quero te corrigir numa coisa.
    Você diz que os jovens de hoje sempre se lembrarão de Harry Poter.Pois bem, tenho 11 anos e sempre me lembrarei de filmes como O poderoso chefão e Touro indomável.
    Valeu, adoro teu site.

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    • Roberto Siqueira 15 janeiro, 2011 / 12:46 pm

      Que bom Carlos, fico feliz.
      Jovens como você são motivo de orgulho para nós cinéfilos.
      Um grade abraço e obrigado pelo elogio.

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  4. Pedro Abrão 2 dezembro, 2010 / 7:55 pm

    Vivi a geração dos anos 90, mas esse filme como muitos outros dos anos 80 marcaram a minha infância, filmes como Os Goonies, Os Gremlins, ET, História sem Fim, Esqueceram de Mim, filmes como esses não são mais feitos hoje em dia para o pùblico jovem.

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    • Roberto Siqueira 2 dezembro, 2010 / 11:48 pm

      Olá Pedro.
      Cada geração tem os seus filmes marcantes. Certamente, os jovens da última década se lembrarão de Harry Potter, por exemplo. Mas concordo que os anos 80 foram maravilhosos neste sentido, com inúmeras obras marcantes.
      Um grande abraço, seja bem vindo ao Cinema & Debate e volte sempre.

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    • cross98 21 abril, 2012 / 7:41 pm

      Bicando a conversa , eu acho bom as crianças de hoje em dia selembrarem de HP, é a geração ué

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    • Roberto Siqueira 23 abril, 2012 / 9:36 pm

      Harry Potter estará eternamente no coração desta geração.
      Abraço.

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  5. Kelly Oliveira 15 maio, 2010 / 3:47 pm

    Ótimo filme e texto,tudo o que eu sinto demonstrado nas belas palavras.

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    • Roberto Siqueira 15 maio, 2010 / 6:43 pm

      Obrigado Kelly.
      Um abraço, seja bem vinda ao Cinema & Debate e volte sempre.

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  6. Lourran Machado 10 maio, 2010 / 1:30 pm

    Só posso dizer uma coisa: ”Fantástico”. Os filmes jovens eram fascinantes nos anos 80. Muito diferente dos que são feitos hoje em dia. Esse filme está entre os melhores da minha infância. Mesmo que eu não tenha vivido essa década,quando eu era pequeno, minha irmã me fazia assistir os filmes que ela gostava. E esse é um deles.

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    • Roberto Siqueira 11 maio, 2010 / 10:00 pm

      Olá Lourran. Realmente os filmes voltados para o público jovem nos anos oitenta eram muito bons.
      Abraço.

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