Agora chegou a hora de a onça beber água. Vamos lá:
BRASIL 1 X 1 CHILE (Nos pênaltis, BRASIL 3 X 2 CHILE)
Os problemas táticos do Brasil ficaram escancarados diante do bom time chileno, que pressionou a saída de bola e forçou a seleção brasileira a jogar ainda mais no chutão da defesa para o ataque, evidenciando que o meio de campo inexiste no time de Felipão. Os chilenos estiveram muito perto de fazer história e eliminar a seleção anfitriã bem mais cedo do que podíamos esperar. O Chile caiu de pé, o Brasil segue em frente, mas com problemas táticos, técnicos e emocionais demais para resolver a tempo de sonhar com o Hexa. Hoje, o sexto título mundial é só isso mesmo, um sonho. Somente uma atuação bem acima do que apresentamos até agora pode devolver a confiança a um grupo emocionalmente abalado.
COLÔMBIA 2 X 0 URUGUAI
Ao contrário do Brasil, sobrou confiança na seleção colombiana liderada por um brilhante James Rodriguez, ainda mais diante de um Uruguai enfraquecido após a suspensão de seu melhor jogador. Com uma defesa firme, um meio campo criativo e um ataque letal, a Colômbia pode sim sonhar em eliminar o Brasil e chegar ao menos na semifinal. Caso seja eliminada, a Colômbia celebrará esta geração por décadas e ainda pensará muito sobre onde poderia chegar com Falcão García em campo.
HOLANDA 2 X 1 MÉXICO
O México esteve a minutos de quebrar a maldição das oitavas e eliminar a poderosa Holanda, sendo levemente favorecido pelo forte calor provocado pela escolha nada inteligente da FIFA – independente de interesses comerciais, jogo às 13 horas em Fortaleza é desumano. Alguns argumentam que são os próprios europeus que tem interesse nestes horários, mas uma coisa é o interesse comercial de emissoras, outra é o interesse dos jogadores dentro de campo – e eu duvido que técnicos e jogadores de qualquer continente concordem com estes horários de jogos. Dentro de campo, o México foi melhor até abrir o placar, mas equivocadamente recuou cedo demais e chamou os craques holandeses para o jogo. Assim, ficou mais fácil para Sneijder e Robben decidirem novamente e colocarem a Holanda no caminho da semifinal.
COSTA RICA 1 X 1 GRÉCIA (Nos pênaltis, COSTA RICA 5 X 3 GRÉCIA)
O melhor time ruim do mundo quase conseguiu seguir em frente, beneficiado pela justa expulsão de Duarte que forçou a Costa Rica a recuar e chamar a Grécia para o ataque. Mas faltou qualidade ao time grego quando teve que propor o jogo. Seguiu na competição a melhor equipe. Ainda que tenha o direito de sonhar, a Costa Rica já venceu a Copa de 2014 e uma eliminação agora só antecipará a festa em seu país. Parabéns aos “chicos”!
FRANÇA 2 X 0 NIGÉRIA
Nitidamente segurando o jogo no primeiro tempo (estratégia dos europeus nos jogos às 13 horas?), a França se soltou a partir dos 15 minutos da segunda etapa e passou a dominar um jogo que até então era todo da Nigéria, chegando ao gol após uma incrível sequência de defesas do ótimo Enyeama. Ironicamente, foi o goleiro nigeriano quem falhou no primeiro gol francês marcado por Pogba, que abriu caminho para a classificação de um dos times mais bem treinados desta Copa. O segundo gol só ratificou que o maior fantasma brasileiro em Copas segue vivo. Perigo!
ALEMANHA 2 X 1 ARGÉLIA
Num jogo épico, a Alemanha sofreu demais para bater a ótima Argélia, que jogou muita bola e chegou a dar a sensação de que eliminaria a forte seleção alemã num dos contra-ataques que forçavam Neuer a deixar o gol e jogar como líbero. Apesar de Joachim Löw e sua teimosia pior que a de Felipão, o melhor elenco da Copa chega as quartas de final. Resta saber se o técnico revisará seus conceitos e colocará Lahm na lateral e Klose no comando do ataque ou se seguirá abraçado às suas ideias, mantendo uma “espanholização” do futebol alemão que descaracteriza o time e o torna menos competitivo do que poderia ser. Se corrigir a escalação, acredito que pode vencer a França. Caso contrário, já podem emitir as passagens de volta.
ARGENTINA 1 X 0 SUÍÇA
Mais uma vez enfrentando enormes dificuldades, a Argentina precisou de outro lampejo de seu gênio para vencer, o que por si só já garante Messi entre os candidatos a craque da Copa independente de sua produção em campo. Sem ele, a Argentina já estaria em casa. O jogo começou parelho, teve domínio argentino na segunda etapa, passou por pressão suíça na prorrogação até finalmente chegar ao seu final apoteótico. Palacio tocou para Messi, que em uma de suas tradicionais arrancadas partiu em direção ao gol e tocou para Di Maria, o melhor em campo, abrir o placar. Em seguida, os corações argentinos paralisaram por alguns segundos, com a incrível bola na trave que ainda bateu no suíço Džemaili e saiu triscando o poste. Depois, o goleirão Benaglio se mandou pra área, quase acertou um voleio, Di Maria chutou do meio do campo pra fora sem goleiro e a Suíça ainda teve uma falta na entrada da área antes do jogo terminar. Apenas alguns minutos separaram o gol de Di Maria e o lance derradeiro, já que o gol argentino saiu aos 13 minutos do segundo tempo da prorrogação. Simplesmente antológico.
BÉLGICA 2 X 1 ESTADOS UNIDOS
No quinto jogo decidido na prorrogação, a Bélgica bombardeou o ótimo goleiro Howard, que fez defesas sensacionais até finalmente ser vazado num chute do excelente De Bruyne. Depois do gol, Lukaku ainda faria o segundo gol antes de Green diminuir para os EUA e tornar a prorrogação num verdadeiro teste para cardíacos, uma sucessão de ataques e contra-ataques que faria até o mais frio dos espectadores vibrar. Outro final apoteótico que fez justiça ao classificar a Bélgica, mas deixou a sensação de que os EUA poderiam ir mais longe nesta Copa.
Após as oitavas de final, definitivamente o roteirista desta Copa do Mundo deveria ser indicado ao Oscar.
Que venham as quartas! E que os torcedores tenham corações fortes para aguentar.