O PODEROSO CHEFÃO – PARTE III (1990)

(The Godfather: Part III)

 

Videoteca do Beto #74

Dirigido por Francis Ford Coppola.

Elenco: Al Pacino, Diane Keaton, Talia Shire, Andy Garcia, Eli Wallach, Joe Mantegna, George Hamilton, Sofia Coppola, Bridget Fonda, Raf Vallone, Franc D’Ambrosio, Donal Donnelly, Richard Bright, Helmut Berger, Don Novello, John Savage, Vittorio Duse e Al Martino.

Roteiro: Mario Puzo e Francis Ford Coppola, baseado em livro de Mario Puzo.

Produção: Francis Ford Coppola.

[Antes de qualquer coisa, gostaria de pedir que só leia esta crítica se já tiver assistido ao filme. Para fazer uma análise mais detalhada é necessário citar cenas importantes da trama].

No capítulo final da consagrada saga da família Corleone, Coppola entrega um filme corajoso, abordando um tema polêmico e amarrando todas as pontas da trama, sem jamais fugir das principais características da trilogia. Além disso, completa de forma magnífica a trajetória de Michael Corleone, com o desfecho trágico e comovente desta história de ascensão, poder, glória e decadência. Tudo está presente com força total neste “O Poderoso Chefão – Parte III”, as atuações de grande nível (com apenas uma exceção), a fotografia sombria, a trilha evocativa, a direção segura, a violência e o realismo. Trata-se, portanto, de um filho legitimo da saga dos mafiosos, injustamente retratado como inferior aos outros por muitos cinéfilos. Se não é um filme perfeito, seus pequenos problemas (leia-se, Sofia Coppola), não são suficientes para tirar o brilhantismo deste capitulo final.

Muitos anos após ordenar a morte de seu irmão Fredo, Michael Corleone (Al Pacino) recebe um dos títulos mais importantes dados pela igreja católica, a Ordem de San Sebastian, após fazer uma doação de 100 milhões de dólares em nome da fundação Vito Corleone, comandada por sua filha Mary (Sofia Coppola). Durante a festa de celebração, ele recebe seu sobrinho Vicent (Andy Garcia), que conta com o apoio de Connie (Talia Shire) para trabalhar com o tio, ao invés de continuar com Joey Zasa (Joe Mantegna), o atual dono da área anteriormente comandada pelos Corleone. Enquanto isto, um arcebispo (Donal Donnelly) oferece para Michael o controle majoritário de uma importante empresa que pertence à Igreja por 600 milhões de dólares, valor que ajudaria a cobrir o déficit da igreja, mas esta oferta desperta a ira de vários integrantes do clero.

“O Poderoso Chefão – Parte III” é um filme magnífico, que conta com todas as principais características da trilogia, como já citado anteriormente. Logo nos primeiros planos, Coppola nos apresenta o resultado das atitudes de Michael no passado, através dos planos que passeiam pela casa abandonada, ilustrando a destruição daquela família. Em certo momento, antes mesmo de aceitar seu sobrinho em seus negócios, Michael é apresentado afundado em sua cadeira, mergulhado nas sombras, o que além de manter a característica visual dos filmes anteriores, ilustra o momento sombrio na vida daquele homem, divorciado, doente e em decadência. E é justamente esta derradeira caminhada de Michael, agora um homem amargurado em constante busca por redenção, que vai guiar a narrativa, contrapondo seu modo de ver as coisas com a impulsividade de seu sobrinho, um reflexo vivo e real de sua própria juventude. Além disso, o roteiro escrito por Mario Puzo e Francis Ford Coppola (baseado em livro de Mario Puzo), insere um novo e corajoso elemento na trama, ao abordar os escândalos da igreja católica e a suspeita morte do Papa João Paulo I (mantendo a tradição de ligar a família de mafiosos a fatos importantes da história), além de mostrar os negócios obscuros da igreja, simbolizados até mesmo através de pequenos gestos que desmistificam o clero, como o arcebispo fumando um cigarro (algo que a igreja condena). Na realidade, nada seria mais apropriado do que inserir a igreja numa trama repleta de culpa e arrependimento. Como de costume, Coppola também mantém a violência e o realismo, notável, por exemplo, na tensa invasão da casa de Vicent, no massacre promovido por Joey Zasa e na surpreendente morte do mesmo Zasa.

Por outro lado, o ritmo da narrativa é claramente mais lento que nos filmes anteriores, e da mesma forma, aborda uma gama menor de personagens, o que não diminui a qualidade da intrincada trama, reforçada pela citada coragem temática. Este ritmo mais lento é provocado pela necessidade de explicar o destino de alguns personagens ausentes, como Tom Hagen, e até mesmo pelos momentos que envolvem a paixão de Mary e Vicent, que se revela vital para o trágico desfecho da trama. Obviamente, a montagem de Lisa Fruchtman, Barry Malkin e Walter Murch colabora neste aspecto, ao balancear muito bem estas cenas mais lentas com as empolgantes seqüências citadas acima, que envolvem violência e muita tensão. Além disso, se destaca especialmente na seqüência da ópera, alternando entre as diversas ações paralelas com fluidez, mantendo a atenção do espectador. Finalmente, vale destacar como “O Poderoso Chefão – Parte III” mantém a mesma estrutura narrativa das partes I e II, iniciando com uma festa e com Michael resolvendo os problemas em sua sala, passando pela tradicional foto da família, em que Michael faz questão da presença de Vicent, partindo para a proliferação dos problemas e conflitos e, na derradeira rima narrativa que acontece durante a ópera, culminando com o momento em que Vicent, assim como Michael no passado, resolve todos os seus problemas de uma vez, eliminando os principais obstáculos de seu caminho.

Nos aspectos técnicos, “O Poderoso Chefão – Parte III” também não deixa nada a desejar. A sempre espetacular direção de fotografia de Gordon Willis adota um tom sépia para destacar a melancolia daquele império em decadência, além de manter seu estilo sombrio, carregando nos tons de preto e mergulhando os personagens nas sombras, ainda que neste capítulo final estes tons sombrios apareçam com menor freqüência. Também marca presença novamente o marcante tema composto por Nino Rota, fazendo parte da trilha sonora comandada por Carmine Coppola (pai de Francis), que também insere outras belas músicas, como a clássica ópera Cavalleria Rusticana, de Pietro Mascagni, na cena mais emblemática e emocionante do filme. E o que podemos dizer da excepcional maquiagem, que transforma os atores e envelhece os personagens com perfeição? Ainda que o longa tenha sido produzido 16 anos após o segundo capítulo e, evidentemente, os atores também estivessem mais velhos, personagens como Michael, Kay e Connie deveriam aparentar ainda mais velhos após tanto sofrimento, e isto de fato acontece graças ao bom trabalho de maquiagem. Completando o fabuloso trabalho técnico, a direção de arte de Alex Tavoularis reflete a decadência da família Corleone através da casa abandonada no inicio, além de recriar com perfeição a Nova York do final dos anos 70, e os figurinos de Milena Canonero mantém o marcante visual dos gângsteres da trilogia.

E chegamos então ao elenco liderado por Al Pacino, que está mais contido, refletindo muito bem o quanto Michael está maduro. Ainda assim, seu temperamento explosivo aflora em certos momentos, algo que o ator demonstra muito bem, por exemplo, quando Michael se irrita, se controla e mostra autoridade na conversa com Vicent, Connie e Neri, após a morte de Zasa. Tentando “limpar” os negócios da família (e sua própria consciência) através da compra da Immobiliare, Michael é trazido de volta para o conflito quando menos espera, algo refletido na célebre frase “justo quando pensei estar fora, eles me arrastam de volta”. Mais controlado, mas ainda ambicioso, ele é obrigado a conviver diariamente com o peso de seu passado enquanto busca por redenção, algo que Pacino também transmite com muita competência, especialmente na excepcional cena em que se confessa para o padre, mostrando o quanto ele sofre por tudo que fez (principalmente, por ter ordenado a morte de Fredo). Por outro lado, o tempo trouxe sabedoria ao líder dos Corleone, o que permite que ele aconselhe o sobrinho Vicent sobre o perigo que sua relação com Mary representava, até mesmo porque o próprio Michael viveu esta situação no passado. Sempre inteligente, Michael usa o interesse de Vicent por sua filha para descobrir os planos de Altobello (Eli Wallach), e o sobrinho entende perfeitamente os recados do tio. Interpretado com competência por Andy Garcia, Vicent lembra bastante o seu pai Sonny, com seu temperamento explosivo. Inicialmente, não se envolve muito com a família (o que, por sua vez, remete ao seu tio Michael, também explosivo quando jovem e evitando se envolver nos negócios da família), entrando na sala do tio de jaqueta e com uma bebida na mão, mostrando que nem sequer sabia seguir as formalidades exigidas na ocasião. Em certo momento, ele diz algo que não deveria e Michael o aconselha a “nunca deixar alguém saber o que ele está pensando”, repetindo uma situação vivida no passado por Vito e Sonny. Por outro lado, Vicent demonstra esperteza na conversa com Altobello, convencendo o mafioso de seu interesse em trabalhar com ele, e acaba se mostrando o homem ideal para tocar os negócios da família, justamente por apresentar uma mistura de características marcantes dos filhos de Don Vito. Não podemos deixar de citar ainda Diane Keaton, que novamente se destaca vivendo a amargurada e sofrida Kay, principalmente durante a conversa que tem com Michael na Sicília, onde ela deixa evidente todos os conflitos de sentimentos da personagem, e Talia Shire, novamente em desempenho excepcional na pele de Connie, agora já conformada com os métodos do irmão e até mesmo incentivando o sobrinho a seguir o mesmo caminho. Também é inegável que ver o ótimo Eli Wallach (o “Feio” de “Três Homens em Conflito”) com um papel de destaque como o de Don Altobello é extremamente agradável e interessante. E finalmente, a totalmente inexpressiva Sofia Coppola não consegue se sustentar em nenhuma participação, mas felizmente seu personagem não compromete a trama, já que sua participação mais importante acontece justamente quando é assassinada (e felizmente, Sofia seguiu a carreira de diretora, onde é infinitamente mais competente).

Quando Michael passa o bastão para Vicent, agora Don Vicenzo, e se retira, o espectador sabe que ali está se encerrando um ciclo e pressente, com tristeza, o fim de toda a saga dos Corleone (“Não posso mais fazê-lo”, diz Michael). Chega ao fim também o excepcional arco dramático de Michael Corleone, o filho protegido de Vito, que não seguiria os caminhos obscuros da família, mas que, por amor ao pai, acabou se envolvendo, se transformando no chefe do grupo e destruindo tudo que amava para chegar ao poder. Agora, só restava a inevitável decadência, ironicamente, distante de todos que ele realmente amava. Por isso, é comovente ver o esforço do pai para buscar uma reaproximação com os filhos, o que infelizmente, leva ao trágico destino de Mary. E este final trágico é também uma das cenas mais emblemáticas e marcantes de toda a saga, com Michael descendo às escadarias, o tiro surgindo repentino, a filha caindo ferida e a morte inevitável e implacável. O grito, suplantado pela triste música e, em seguida, a música, suplantada pelo grito desesperado do pai que perdeu o que mais amava, simboliza também que chegava o triste fim para aquele homem poderoso. Era inevitável que os Corleone, ao decidir participar e interferir daquela forma em tantos e diversificados negócios e na vida de tantas pessoas perigosas, acabassem um dia provocando a morte de pessoas da família, que não tinham nenhuma ligação com a máfia. Infelizmente, este dia chegou, e a tragédia estava consumando também o fim de uma era, a era “O Poderoso Chefão” – e o espectador sabe disso. Assim como o pai, Michael termina solitário, silencioso e jogado ao chão. E quando a música sobe e a tela fica escura, o espectador sabe que testemunhou o fim de uma das grandes sagas da história do cinema mundial.

Coppola encerra sua maravilhosa trilogia de maneira belíssima e marcante, inserindo novos elementos na trama para mostrar a decadência completa de um homem extremamente poderoso e ambicioso, que na busca por proteger sua amada família, acabou alimentando sua infindável sede por poder. Como conseqüência, se afastou de todos que amava e, ao buscar sua redenção, encontrou numa escadaria, na terra natal de seu pai, o seu triste fim. Fisicamente, Michael não morreu naquelas escadarias, mas a elipse de muitos anos que salta para a sua morte solitária na cadeira simboliza que, na pratica, a vida de Michael Corleone terminou mesmo ali.

Texto publicado em 06 de Dezembro de 2010 por Roberto Siqueira

TRÊS HOMENS EM CONFLITO (1966)

(Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo) 

5 Estrelas 

Videoteca do Beto #4

Dirigido por Sergio Leone.

Elenco: Clint Eastwood, Lee Van Cleef, Eli Wallach, Aldo Giuffrè, Mario Brega, Luigi Pistilli, Rada Rassimov, Antonio Casale, John Bartho, Angelo Novi e Antonio Casas. 

Roteiro: Agenore Incrocci, Sergio Leone, Furio Scarpelli e Luciano Vincenzoni. 

Produção: Alberto Grimaldi. 

Três Homens em Conflito é o ponto alto da parceria entre o diretor italiano Sérgio Leone e o hoje astro de Holywood Clint Eastwood. Pouco conhecidos na época, conseguiram alcançar o sucesso através da trilogia dos dólares, que marcou o western para sempre e simbolizou uma época onde o estilo Western Spaghetti ficou conhecido. Depois de “Por um punhado de dólares” e “Por uns dólares a mais”, a dupla alcançou seu melhor resultado em “Três homens em conflito” e brindou o cinema com uma obra que atravessa gerações graças à extraordinária qualidade que têm.

Já na apresentação dos créditos podemos perceber a originalidade de Leone através da montagem de imagens acompanhada da maravilhosa trilha de Ennio Morricone. O filme narra à estória de Tuco Benedito Pacifico Juan Maria Ramirez (isso tudo mesmo!), apelidado de “O Feio” (Eli Wallach), Angel Eyes Sentenza, apelidado de “O Mau” (Lee Van Cleef) e Blondie, apelidado de “O Bom” (Clint Eastwood). Estes três homens atravessam o velho oeste em meio a Guerra Civil americana à procura de 200 mil dólares que foram roubados. A introdução do filme e dos personagens é absolutamente perfeita. Na primeira delas, sem utilizar nenhuma palavra, o diretor cria um clima absurdamente tenso e demonstra com as imagens o quão perigoso é “O Feio”. Na introdução de “O Mau”, ele também cria este mesmo clima de tensão, e quando as primeiras palavras são ditas no filme, já sabemos o que está para acontecer. “O Bom” tem uma introdução de personagem mais bem humorada, e que ao mesmo tempo, serve para demonstrar a habilidade do personagem com a arma e um traço importante de sua personalidade: a esperteza.

A montagem de Eugenio Alabiso e Nino Baragli ajuda a manter a narrativa dos três personagens igualmente interessante, apesar de nos identificarmos mais com “O Bom”, talvez influenciados pela introdução deste personagem, onde ele é apresentado como o menos cruel dos três. Os bons diálogos do roteiro que Leone ajudou a escrever também merecem destaque, como a conversa entre dois personagens sobre as porcentagens que cada um merecia na parceria que tinham e outra conversa entre estes mesmos personagens em um quarto do Hotel sobre cinturões e esporas. O roteiro cruza os caminhos dos três personagens em diversos momentos da narrativa de forma inteligente e jamais cansativa, mantendo o espectador sempre atento ao que acontece. Também utiliza alguns artifícios como um diálogo expositivo entre “O Feio” e seu irmão padre (Luigi Pistilli), mas o truque é utilizado de forma inteligente, já que o conflito é bastante verossímil. Além disso, algumas frases são verdadeiras pérolas como o momento em que “O Feio” diz: “Na hora de atirar atire, não fale”. Leone também cria momentos de alívio cômico interessantes, como a bem humorada e muito inteligente cena com o exército azul empoeirado e parecendo cinza.

A atuação de Clint Eastwood é minimalista, com poucas mudanças de feição. O ator não expressa muitas emoções, o que cai bem no personagem frio e calculista que é “O Bom”. Um dos momentos de inspiração de Clint é quando “O Feio” pede que ele coloque a cabeça na corda e ele move a sobrancelha levemente, como quem está pensando “Fazer o que…”. Bem humorado. Interessante como seu personagem utiliza inteligentemente a seu favor o fato de ser o único que sabe algo extremamente importante na trama, permitindo-lhe trocar de parceria à qualquer momento, já que ele sabe que é o mais importante do trio. Já Lee Van Cleef tem uma atuação mais exagerada como “O Mau”, usando caras e bocas em diversos momentos da trama como na cena em que o personagem aparece pela primeira vez, o que acaba fazendo um contraponto interessante para a fria atuação de Clint. Mas é Eli Wallach quem consegue maior destaque entre os três personagens. Seu “Feio” é ao mesmo tempo ameaçador e ingênuo. Por diversas vezes sentimos pena dele e em outras tantas vezes sentimos raiva. Wallach consegue transmitir a personalidade insegura e ao mesmo tempo gananciosa do personagem em diversos momentos, como no momento em que ele é salvo pela primeira vez por seu comparsa. O sorriso misturado com tensão fica claro no rosto de Wallach, muito bem captado pela câmera próxima de Leone.

Também impressionante é o excelente trabalho de Ennio Morricone. A trilha sonora de Três Homens em Conflito é sensacional, com toda cara do velho oeste. Os assovios e os gritos que ouvimos em sua melodia principal se encaixam perfeitamente na melancólica e assustadora visão do velho oeste proposta por Leone. Ao longo de toda projeção somos presenteados com belíssimas melodias, além da maravilhosa música instrumental “The Ecstasy of Gold”, executada na íntegra em um momento chave e extremamente belo do filme. O trabalho de figurino e direção de arte também é competente, situando-nos na época com roupas bem características do velho oeste americano, além da excepcional maquiagem em certo momento da trama, onde um personagem está praticamente desfigurado por caminhar muitos dias sob o sol. A Fotografia de Tonino Delli Colli destaca as cores marrom, cinza, bege e em poucos momentos o azul escuro, demonstrando a aridez do velho oeste. Também demonstra visualmente o mundo seco, de pessoas com corações frios onde viviam os personagens.

Mas o grande destaque do filme é, sem dúvida nenhuma, a aula de direção dada por Sérgio Leone. O diretor italiano tem controle total do filme e demonstra como cada plano é cuidadosamente planejado. Observe por exemplo o talento de Leone ao criar planos e composições extremamente belas, muitas vezes utilizando somente as imagens para passar sentimentos ao espectador. Ele sabe cadenciar perfeitamente a alternância entre estes planos amplos com os closes, utilizados para acentuar o traço surrado daqueles personagens queimados pelo sol. Estes closes também demonstram a frieza com que eles encaram momentos extremamente tensos, como os duelos armados. O filme todo é recheado de momentos bem orquestrados, uma verdadeira coleção de cenas absolutamente perfeitas. Para citar algumas, repare a composição visual da cena do trem cortando a corrente presa a um determinado personagem, a tensa cena da invasão de um quarto de Hotel, a já citada cena acompanhada da música “The Ecstasy of Gold”, a explosão da ponte e o ataque aos comparsas de “O Mau”. São momentos de puro cinema, com imagens belíssimas e cheias de estilo, narrando uma trama inteligente diante de nossos olhos.

[se você ainda não viu o filme, pule este parágrafo] Entre todas as lindas cenas, a que merece maior destaque é a sensacional cena final do duelo anunciado entre os três personagens. O momento tão esperado mais parece um balé extremamente bem orquestrado por Leone, com movimentos de câmera sensacionais, cortes perfeitos, closes espetaculares e um crescente clima de tensão que aumenta ainda mais com a ótima trilha sonora, criando uma cena incrivelmente bela e inesquecível. Somente esta cena já serviria de referência para o belíssimo trabalho de um diretor extremamente inteligente e competente que podemos testemunhar neste filme.

Representante maior do estilo Western Spaghetti, Três Homens em Conflito encanta pela quantidade enorme de cenas esplendidamente bem filmadas, explorando todo o potencial das paisagens do velho oeste e extraindo o máximo da trama criada, demonstrando toda a competência de Sergio Leone como diretor. Mesmo muitos anos depois de seu lançamento, ainda se mantêm como um dos maiores westerns já lançados no cinema. Com cenas inesquecíveis, momentos de extrema tensão e imagens belíssimas, o filme consegue criar empatia com o espectador e mantê-lo sempre interessado na narrativa, de uma forma absolutamente competente e imperdível.

 

Texto publicado em 02 de Julho de 2009 por Roberto Siqueira